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Moradores do Alemão denunciam descaso público com esgoto a céu aberto

Sem soluções há mais de cinco anos, famílias da localidade das Casinhas convivem com um rio de lixo que atravessa a comunidade

Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Há mais de cinco anos, um dos princípios básicos dos direitos humanos garantidos pela Constituição brasileira é negado na localidade das Casinhas, no Complexo do Alemão: o saneamento básico. A área ostenta a céu aberto um rio de lixos e esgoto. Moradores da comunidade transitam no meio de lixos e insetos, o que aumenta a vulnerabilidade e a fragilidade das pessoas quando o assunto é saúde. Convivendo com promessas de limpeza no local, Beatriz Manhas Batista, de 23 anos, mãe de Emanuele, de 4 anos, explica que a situação precária é um risco para as crianças e idosos. 

“A gente denuncia isso aqui há anos, mas não muda nada. O lixo que vocês estão vendo aqui não são os moradores que jogam, ele vem lá de cima. É um descaso com a nossas vidas, com nossas crianças e idosos. A minha filha de 4 anos já caiu ali dentro do esgoto, nessa água suja e cheia de lixo. Tive que ir correndo tirar ela de lá. Me pendurei em um ferro e puxei”, desabafa Beatriz. 

Por ser uma zona estreita e com o caminho improvisado com madeiras, o equilíbrio ao andar é essencial no cotidiano de moradores para não caírem no esgoto a céu aberto. A pouca iluminação no local dificulta também a segurança no período da noite de quem reside nas Casinhas. “Parece que a gente tá esquecido aqui, sabe? De noite, essa zona fica perigosa para nossas crianças, para os idosos e também para nós, mulheres”, destaca Beatriz.

Também moradora do local, Luci Jacinto, de 70 anos, relata que não se recorda da última vez que o rio esteve limpo. Aposentada e vivendo sozinha, ela explica que não tem água potável em sua casa e precisa buscar em uma torneira comunitária próxima. Em uma dessas saídas para buscar, enquanto equilibrava um balde, caiu no esgoto.

Luci Jacinto, de 70 anos, moradora antiga da comunidade, já não lembra da última vez que a região esteve limpa. 
Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

É uma situação muito delicada porque a qualquer momento a gente tá sujeito a cair nesse esgoto a céu aberto. Eu acredito muito em Deus e peço a ele todos os dias uma melhora na minha vida e na limpeza desse rio”, expõe Luci. 

Procurada pela reportagem do Voz das Comunidades para compreender a situação na região das Casinhas, a Rio-Águas não retornou até o fechamento da matéria. Também questionada sobre a coleta de lixos no local, a Comlurb informou por nota que realiza o recolhimento de resíduos de forma regular nas segundas, quartas e sextas-feiras.

“Há caixas metálicas para receber o lixo nas ruas principais. A varrição tem programação para terças, quintas e sábados. Uma vez por mês acontece limpeza geral na localidade. Na semana que vem está programada a roçada da vegetação na rua Carmen Cinira, que é a rua principal”. 


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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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