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Página criada por morador do Morro do Fallet une animes japoneses com cenários de favelas

Quebrando estereótipos, Edson Cura, de 25 anos, conecta criativamente desenhos animados com a fotografia
SELMA SOUZA

Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Um jovem morador do Morro do Fallet, em Santa Teresa, Centro da cidade do Rio, decidiu unificar duas paixões, anime e fotografia, e criou a página Anime DICRIA. A página no Instagram tem mais de 12 mil seguidores e mostra algumas imagens do cotidiano da favela com personagens de anime.

Grande parte dos moradores de favela são fãs de desenhos japoneses, mais conhecidos como animes. Cavaleiro dos Zodíacos, Dragon Ball, Naruto, One Piece, Super Campeões, são alguns dos exemplos de animações que fizeram sucesso e também fazem parte da infância de muitos moradores de comunidade. A partir disso, o fotógrafo Edson Cura, de 25 anos, resolveu conectar essa cultura com a sua profissão e fez diversas artes gráficas misturando fotos de favelas com alguns dos personagens dessas animações. 

Ed, como é conhecido, achou na página uma maneira de continuar produzindo conteúdo através da fotografia.
Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades.

A ideia surgiu durante a pandemia da Covid-19, após o profissional ficar com seus serviços parados, já que trabalhava como fotógrafo de eventos. “A estética eu já tinha visto no tumblr, e pensei que poderia fazer aquilo na minha realidade. E como consumo muito anime durante o dia a dia, casei os dois. Fiz 1, 2 e vi que deu certo. A motivação também foi levantar uma grana para pagar minha terapia, porque como estava parado, vi que ali era uma possibilidade de trabalho e caí de cabeça”, contou ele.

Identificação e representatividade nos animes

A página em 5 meses fez grande sucesso pela identificação das comunidades com os animes em territórios conhecidos. A representatividade gerada nos animes foi fator crucial para essa repercussão. “Eu pensei: vou tentar cavar este espaço, mostrar que nós que estamos aqui no morro podemos ser quem quisermos, curtir cultura japonesa, e outras coisas, sair do estereótipo que nos é atribuído. Parece que nós que moramos no morro somos trancados em caixas, e quis sair dessa caixa na marra, porque nós podemos”, ressaltou o fotógrafo.

A imagem do personagem Tobi do anime Naruto, no teleférico do Alemão, Zona Norte, é um dos exemplos das animações feitas em favelas do Rio.
Foto: Selma Souza/ Voz das Comunidades.

Além das ilustrações com personagens, Edson usa as imagens para dar notícias em geral de uma maneira alternativa para os moradores. O “Jornal DICRIA” pega as manchetes mais relevantes e informa através dos personagens japoneses, com a favela como cenário, para chamar atenção dos moradores. O profissional explica que faltam mais ações como essa dos órgãos públicos para aproximar o morador de novas culturas. “É uma realidade que infelizmente (cultura da arte) é muito distante da gente. Tem muitas pessoas daqui tão boas no que fazem, mas não tem oportunidade de mostrar, ou até mesmo de aprender algo diferente. Falta olhar mais para a favela”.  

O jornal apresenta notícias do cotidiano de forma alternativa, usando personagens.
Foto: Reprodução / Anime DICRIA

A página no Instagram está na busca dos 12.400 seguidores, e também divulga vaquinha feita por Edson para aquisição de um novo computador para ampliar os seus trabalhos. Para ajudar na vaquinha ou buscar qual anime e favela tem mais a ver com você, basta acesso o @animedicria.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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