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Projeto CNAC capoeira faz a diferença no Alemão

Comandados pelo Mestre Bahia, grupo valoriza raízes da cultura e da arte marcial brasileira

Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Há mais de 20 anos atuando no Complexo do Alemão, Zona Norte da cidade do Rio, o projeto CNAC- Capoeira continua trazendo a importância da valorização da cultura brasileira através da arte marcial mais tradicional do nosso país. 

A capoeira é uma arte marcial que possui uma grande expressão cultural afro-brasileira. Mistura esporte com cultura popular, dança e música. A origem da luta vem da época do período escravocrata brasileiro. Muitos negros foram trazidos do continente africano para trabalhar nos engenhos de cana-de-açúcar, nas fazendas de café, nas roças ou nas casas de colonizadores. Na época, eles criaram a capoeira como uma forma de luta e resistência dentro das senzalas, se protegendo da violência e punição dos Senhores de Engenho. 

Atualmente, o esporte por si só já é um grande agente social na vida de muitas pessoas. E, quando se tem a possibilidade de ter o exercício físico agregado à representatividade e tradição, é necessário valorizar. O responsável por esse projeto é o morador da Área 5, Neilton Rodrigues dos Santos, de 46 anos, mais conhecido como Mestre Bahia. O professor trabalha com a capoeira desde a sua juventude nos anos 80, mas criou o projeto CNAC no início dos anos 2000. O apelido Bahia vem de sua cidade de origem. Chegou ao Complexo do Alemão ainda muito pequeno. O curioso é que o mestre aprendeu capoeira aqui no Rio, e não na terra natal do esporte. 

Projeto conta com apoio da Ass. de moradores do condomínio 12 de Outubro, no Mangueiral, que cede o espaço para as aulas
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

O projeto, que começou no CIEP CAIC Theophilo de Souza Pinto, em Nova Brasília, no Alemão, hoje tem mais de 32 filiais na cidade do Rio. “Temos um trabalho aqui no Alemão de muitos anos, principalmente aqui no Mangueiral, Casinhas, Fazendinha,Canitar. Atendemos o Complexo do Alemão, mas vem pessoas de longe para participar do nosso projeto. Fazemos parte de uma transformação na vida do jovem, um trabalho de inclusão, não só formar um atleta, mas um cidadão”. A atual sede fica localizada na Ass. de moradores do condomínio 12 de Outubro, no Mangueiral, e conta com cerca de 300 alunos participantes.

“A capoeira é muito importante para nós brasileiros. E nós precisamos reconhecer essa cultura popular, que, muitas vezes, é esquecida, principalmente por nós moradores de favela. A capoeira não é comentada, não é estudada nas escolas, mas é uma cultura nossa, e quem vem conhecer nosso trabalho vê isso. Mas, quem não tem essa experiência, vai criticar. Valorizamos tantas outras culturas, e deixamos de lado as que estão mais perto. Cada jovem que tiramos das ruas é uma vitória para a capoeira”, destacou Mestre Bahia.

A aluna do projeto, Andressa Ayres, de 17 anos, é moradora do Mangueiral e, há 4 anos, faz parte do CNAC. Ela falou sobre a importância do projeto no seu dia a dia. “Além da capoeira, o mestre nos acolhe muito, é um papel de pai pra gente. A capoeira ajuda de diversas formas. Ajuda a entreter ou, quando estamos mal, desanimados, aqui nos sentimos bem. É o nosso lugar de refúgio”. 

Para conhecer o CNAC, basta chegar na sede do projeto, na Rua Detetive Le Cock 39, Inhaúma.

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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