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Venda de pipa se torna fonte de renda na favela durante a pandemia

Marco Aurélio tem uma renda extra vendendo pipas sem sair de casa

Aposentado chega a vender mais de 450 pipas em um único fim de semana

Empinar pipa voltou a fazer parte da rotina de crianças, adolescentes e até de adultos em meio ao isolamento social, método que previne a proliferação da covid-19. Essa mudança impactou a vida de fabricantes e revendedores do brinquedo. Os pipeiros relatam que antes da pandemia as vendas tinham caído muito. Marco Aurélio, de 37 anos, é morador da Providência – região Central do Rio -, aposentado e diz que as pipas fazem a diferença em seu orçamento familiar atualmente. “Antes disso tudo, há duas temporadas que eu não estava vendendo e agora não tem nem comparação! Foi a única coisa boa dessa quarentena”, conta.

Marco vende pipas há cerca de oito anos e foi seu gosto pelo objeto que o fez começar a empreender no ramo. “Desde pequeno, era apaixonado por pipas, sempre foi um dos meus passa-tempos preferidos. Há alguns anos, já depois de adulto, estive meio apertado de grana e vi a oportunidade de fazer algum dinheiro com uma das coisas que mais gosto na vida. Fui correndo atrás de fornecedores de qualidade, que vendiam por um preço acessível e fiz meu nome aqui na Providência revendendo pipas de qualidade e baratas”.

O negócio de Aurélio faz diferença não apenas na vida dele mas também na de vários pipeiros que fabricam pipas e vendem para ele. “Devido ao aumento da demanda, causado pelo isolamento social, estou trabalhando, em média, com sete fornecedores. Na verdade, antes, estava vendendo uma ou outra, quase nada. Vendia, no máximo, duas ou três pipas em três dia. Agora, por semana, isso de segunda a sexta, chego a vender mais de 800 pipas. No sábado e no domingo as vendas chegam a  400 ou 450 unidades”.

Relação com as crianças

“Antes disso tudo, há duas temporadas que eu não estava vendendo e agora não tem nem comparação! Foi a única coisa boa dessa quarentena”. Foto: Arquivo

O aumento na procura por pipas também fez com que o valor dos materiais para fabricá-las também aumentasse. O que causou a elevação nos preços dos brinquedos. “O material ficou muito caro então, acaba afetando e muito os revendedores como eu, que tem de repassar o valor ao consumidor final. Antes da pandemia, vendia algumas pipas a um real. Agora, a minha pipa mais barata custa o dobro desse valor. Tenho vendido mais porém o pessoal acaba sempre reclamando dos preços. Principalmente as crianças que gostavam de compras as pipas de um real, essas são as que mais sofrem”.

O público de Marco é, em sua maioria, formado por crianças e a relação do empreendedor com elas é um de seus orgulhos. “Nos tratamos como amigos. Nossa ligação é de amizade mesmo. Às vezes, algumas delas falam que vão me pagar depois e eu sei que não vão mas vendo mesmo assim (risos). No final do dia, colo as pipas que têm algum furo e dou para as crianças que não tem dinheiro para poder comprar. Além disso, nos finais de semana, quando tem festivais de pipa, distribuo bolo, cachorro-quente e refrigerante para a criançada. É uma grande satisfação para mim”.

Marco Aurélio tem uma renda extra vendendo pipas, e o melhor de tudo, sem sair de casa. “Sou aposentado devido à um problema de saúde mas não dá para viver só com aposentadoria. Trabalhava como auxiliar de serviços gerais mas mesmo depois de me aposentar quis me manter ativo de alguma forma. Eu vendo em casa, trabalho com um produto que eu gosto muito e, para completar, ainda consigo um dinheiro extra. É perfeito. Quero que a pandemia passe logo mas espero que esse momento tenha servido para as pessoas, principalmente as crianças, lembrarem da pipa e resgatarem de vez essa brincadeira maravilhosa”.

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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