Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

Voluntárias completam 18 anos de idade e contam como foi crescer inspiradas pelo Voz das Comunidades

Gêmeas nasceram no mesmo ano que o jornal Voz das Comunidades e atualmente são voluntárias na ONG
Desde o começo desse ano, Taissa e Raissa são voluntárias (Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades)

Há 18 anos, em 2005, um menino de apenas 11 anos tomou uma decisão que influenciaria para sempre a história do Complexo do Alemão. Ele decidiu criar um jornal para falar sobre a realidade de sua favela (do Morro do Adeus) e agora, em 2023, essa jornada completa 18 anos.

É claro que estou falando do Rene Silva e do nascimento do Voz das Comunidades! Mas o que ninguém sabe é que nesse mesmo ano duas irmãs nasceram e, anos depois, se tornaram voluntárias na mesma ONG que transforma a realidade de sua favela desde da data que chegaram ao mundo.

Raissa e Taissa Góes são irmãs gêmeas e completam no dia 3 de agosto 18 anos. Para elas, fazer 18 é um marco de mudança muito grande. Liberdade, responsabilidade e o desejo de conquistar a vida são alguns dos sentimentos que as atravessam nessa passagem para a vida adulta.

“Todo mundo me fala que isso não é lá essas coisas, mas eu tô muito nervosa. Meus 18 anos, eu tô bem mais emocionada pra fazer”, conta Taissa. “Pra mim também! Parece que eu vou ter mais liberdade, vou conseguir viver mais minha vida. Sei lá, vou conquistar minhas coisas”, continua a irmã.

As gêmeas são moradoras da Central, Alemão, lá no alto, perto do teleférico. Elas moram com a mãe, pai e um irmão mais velho. Elas cresceram vendo a atuação do Voz das Comunidades transformar o CPX.

“A gente desde pequena sempre via no jornal as ação que eles iam fazer. De páscoa, de natal. Meu sobrinho tem até uma foto com o Rene. Ele é fã! Ele tinha 5 anos e correu lá no teleférico pra tirar uma foto com ele”, conta uma das irmãs.

Em 18 anos da instituição, através de histórias verdadeiras e necessárias de serem contadas, o Voz ajudou a transformar a visão que a sociedade e a mídia têm sobre a favela. 

Em 2010, enquanto o CPX era ocupado, o Voz atuava em tempo real dizendo para o mundo o que de fato acontecia em seu território. Essa ação gerou reconhecimento dentro e fora da favela, repercutindo até mesmo internacionalmente. E claro, isso também influenciou as jovens Raissa e Taissa.

“Quando eu vejo algumas pessoas do Voz assim novo, eu sinto que eu posso ser eles um dia. Eu posso me tornar o que eles são também. Nós nos sentimos inspiradas para fazer isso”, conta Taissa sobre a sensação de ver a juventude atuando e gerando mudanças.

E essa inspiração foi tão grande que, no começo desse ano, as gêmeas aproveitaram a oportunidade e decidiram se juntar à equipe de jovens inspiradores da ONG. 

Foi a mãe que as incentivou a participar. ”Ah, vocês sempre falam, né? Vocês sempre quiseram. Olha a oportunidade aí. O não vocês já tem”. O “não” foi, na verdade, um ótimo “sim”, que as fizeram se juntar à equipe de voluntários da ONG.

Até o momento, as irmãs participaram apenas da fase de apresentação de voluntários, mas já estão muito animadas para mais atividades e um evento na quadra da Imperatriz. 

Raissa Góes acha que vai gostar mais de sair para entregar jornais e cestas básicas nas ações. Ela é uma jovem com muita vontade de ajudar as pessoas e, por isso mesmo, quer cursar medicina na faculdade. Quer ser pediatra. “Eu ficava vendo uns vídeos assim na televisão de crianças e, desde aí, eu decidi que queria ser pediatra. Coloquei na minha cabeça e não tirei mais”, conta decidida a jovem.

Além disso, ela quer estudar espanhol e também voltar a fazer um curso de administração enquanto se prepara para o vestibular. Já Taissa está um pouco incerta sobre o futuro. “Ao mesmo tempo que eu acho que tô preparada, eu acho que não tô”, mas tem certeza que quer estudar para ser ou professora ou médica também. 

Ela conta que nas ações de Páscoa do Voz das Comunidades sempre corria para pegar bombom, apesar da vergonha. Hoje, o que mais quer fazer é distribuir chocolate para deixar as crianças do CPX felizes.

Diferente da irmã, ela já trabalha desde os 16 olhando crianças menores e gostaria de aprender inglês, se tiver oportunidade. Para quem diz que a favela não tem futuro, está aí a prova. Favela é potência!

Compartilhe este post com seus amigos

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp

Veja também

EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

Contato:
[email protected]