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Empreendedor bom pra cachorro!

Morador sonha em montar uma clínica veterinária na Favela - Foto: Betinho Casas Novas/Jornal Voz Das Comunidades
Morador sonha em montar uma clínica veterinária na Favela - Foto: Betinho Casas Novas/Jornal Voz Das Comunidades

Morador do Morro do Cantagalo se destaca passeando com cães

O bom empreendedor identifica problemas e os transforma em soluções que geram lucro e mudanças de impacto positivo. Assim podemos chamar aqueles que estão ligados no que acontece ao seu redor e reconhecem uma boa oportunidade de crescimento profissional em um determinado lugar. E foi exatamente o que fez Michael dos Santos Neves, 32 anos, morador do morro do Cantagalo: começou a passear com cães pela comunidade e auxiliar no adestramento de PETs.

A profissão, que ele assumiu em 2007, foi passada de pai pra filho. Observando a demanda de cães que precisavam de cuidados no Pavão-Pavãzinho/Cantagalo, Michael quis expandir o negócio. A ideia deu certo: hoje ele é uma das referências na comunidade quando se fala em PETs. Sendo a principal fonte de renda de toda a família, o empresário abriu uma loja na pista e faz serviços também dentro da comunidade.

“Na Zona Sul o trabalho com PETs já acontece muito, mas aqui na comunidade é uma novidade. Eu trabalho aqui mais aos finais de semana e feriados, quando as pessoas saem e deixam o cachorro comigo. Em breve recomeçarei o banho e tosa. Tivemos que dar uma pausa porque ficamos sem espaço. Muita gente procura e indica o serviço e o valor é muito acessível também”, comenta Michael, que trabalha com tabela de preço diferente para quem é do morro.

Foto: Betinho Casas Novas/Jornal Voz Das Comunidades
Foto: Betinho Casas Novas/Jornal Voz Das Comunidades

As tardes, quando o sol está mais fraco, é a hora do passeio. A coleira cheia de cães chama a atenção de quem passa e, com os comandos do adestrador, se pode até fazer carinho em alguns dos cachorros. A equipe do Voz das Comunidades se rendeu a uma rottweiler. Além dos passeios, Michael faz visitação na casa dos clientes para entender melhor a rotina dos animais. “Eu faço uma ponte entre o dono e seu bicho. Observo como é o espaço em que ele vive, a disposição de água e comida, a coleira que é usada e a postura do dono ao andar com o cachorro na rua. A partir de então, dou as dicas”. E os resultados são bem vistos pelos clientes. “Uns me agradecem dizendo que notaram que o estresse dos bichinhos diminuiu e eles ficaram mais calmos”, comemora.

SONHO

Além desses trabalhos, Michael pretende investir cada vez mais dentro da comunidade. “Minha ideia é montar um projeto aqui onde eu possa iniciar alguns garotos novos na área. Quero ensinar como cuidar de um pet e quero que isso se ramifique pela comunidade. Eles vão aprender a cuidar da alimentação, entender a importância da vacinação, limpar os ouvidos, cortar as unhas, entre outras coisas. Quero repassar meu conhecimento a eles para que tenham amor à profissão”.

Além disso, ele também tem o sonho de montar uma clínica veterinária na favela. “Muita gente me procura para pedir dicas de saúde para os bichinhos, mas eu não sou veterinário. Ajudo quando possível e indico as clínicas de conhecidos na pista, que sei que podem cobrar um valor acessível. Mas acredito que seja possível termos uma aqui no morro também”, conta Michael, que já captou algumas parcerias, mas ainda necessita de espaço dentro do Cantagalo para realizar o novo projeto.

 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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