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Tio Sorriso é alegria tanto em animações em festas infantis quanto em lojas

Talentoso animador do CPX do Alemão, tio Sorriso faz cover do Mumuzinho e já chegou a animar a festa da Sasha
Tio Sorriso descobriu o talento para animação já no primeiro dia de faculdade na UFRJ (Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades)

Cria do Morro do Adeus, no CPX, Raphael dos Santos Estevão foi parar na faculdade de Educação Física na UFRJ com 18 anos. A chegada dele à universidade se deve a uma  trajetória de boa educação em infraestrutura e de inspirações de pessoas que o cercavam. Dedicado, conseguiu bolsa no Colégio Instituto Pio XI, em Ramos. 

Hoje, con 32 anos, fala com muito carinho de quem ele chama até hoje de ‘pai ‘um professor que o incentivava. Por ser atleta pela escola, Raphaell jogava campeonatos de handebol. Apesar do talento como atleta ter conseguido bolsas em outras faculdades, ele se inscreveu no último dia para o vestibular da UFRJ, mas pensou que não tinha sido aprovado. Logo, começou a trabalhar em uma empresa de água. Mas, o nome de Rafael estava na lista em 24º lugar dentre 200 alunos e foi avisado por uma amiga. 

“Eu cheguei no último dia do trote, o dia do baile funk, o dia mais animado e um amigo chamado Mateus Jordani disse que eu era muito bom, que eu tinha que ser animador de festa. Me colocou dentro de um carro e me levou em uma casa de festa chamada Galáxia Kids, no Recreio dos Bandeirantes, onde conheci o dono da empresa Divertiboom. Eu fiquei na festa até a noite e falaram que fui bem. Fui contratado e virei recreador”, complementa Raphael. Ali, o dono da casa da festa o batizou de Tio Sorriso, por ter o sorriso muito largo e cativante, uma das suas características mais marcantes. 

O talentoso animador atua também em lojas e comércio, atraindo clientes
(Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades)

Finalmente Tio Sorriso

Depois de um tempo, o Tio Sorriso conseguiu com ajuda da madrinha comprar um microfone, uma caixa de som, notebook e montou a empresa “Brincadeira tem Hora”, que virou Tio Sorriso Eventos. Hoje, a empresa é chamada de Tio Sorriso Animação/Tio Sorriso Entretenimentos, por também fazer animações em lojas. Ele se fantasia, brinca com os clientes e atrai as pessoas pelo preço ou qualidade dos produtos à venda. 

“Fui um dos pioneiros a colocar roupa no comércio, a fazer animação em lojas. É uma característica de quando eu faço animação, é que eu vendo bastante. Eu consigo ‘jogar’ ela (a pessoa) pra dentro do comércio”, diz. 

Tio Sorriso também já fez umas participações na FM O Dia. Chegou a fazer a animação da festa da Sasha, filha da Xuxa, fez a festa do Leandro Amaral, jogador de futebol, de donos de empresas, de vereadores e foi desenvolvendo o seu nome dentro da animação. 

Um outro salto veio foi quando ele começou a imitar artistas como o Seu Jorge. Ele trocava de roupa e se tornava cantor por alguns momentos. Mudou o personagem para o cantor de pagode Mumuzinho, em que diz ser fã e, a partir daí, a animação só decolou. “Passou um tempo que as pessoas contratavam somente o show do cover do Mumuzinho”, explica Tio Sorriso.

O animador diz que deve a sua trajetória graças às crianças e hoje tem sua própria empresa
(Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades)

Mas nada veio fácil. Cansou de passar Natal e Ano Novo longe de casa trabalhando com um cachê de R$280,00, em uma época em que não havia aplicativos de transporte. Sem opções, tinha que pegar um táxi, pelo menos pra dar um abraço na família. “Uma vez eu cheguei pro taxista e falei: vou te dar R$280,00 porque foi todo dinheiro que eu recebi.” 

Neste mês de outubro, mês das crianças, o Tio Sorriso deixa um recado para elas com uma canção do Toninho Geraes: ‘Criança, obrigada por nascer, a paz do mundo só depende de você.’ E eu acredito muito que a criança é o futuro do amanhã”, complementa. Apesar das condições não serem favoráveis às crianças empobrecidas em recursos e em questões de oportunidades, segundo suas palavras, espera que mais e mais favelados cheguem aonde ele chegou. E isso, ele diz, deve muito aos pequenos.

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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