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Pessoas que não respeitam a quarentena NÃO foram espancadas por traficantes de Acari

Circula nas redes sociais uma foto que mostra duas pessoas com as costas machucadas por traficantes da favela de Acari. Além da foto, relatos em redes sociais, dizem que as pessoas que não respeitam o toque de recolher às 19h:30min, sofrem violência física. O carro da lapada, como foi chamado o veículo que circula pela comunidade, teria mensagens como “abrace o papo ou o papo vai te abraçar”.

A informação não procede. A foto divulgada é de um site chamado ‘Lavanderia Virtual’, que fala sobre a vida dos homossexuais no Irã. A matéria de 2007, relata os castigos sofridos pela população gay, no regime de Ahmadinejad e nada tem a ver com castigos dados por traficantes na favela de Acari.

Foto retirada do site ‘Lavanderia Virtual’

Informações ainda são confusas relacionadas ao assunto. Os relatos sobre carro da lapada , nome do apelido dado pelo veículo que circula na comunidade, é esclarecido pelo coletivo fala Akari. Segundo texto em rede social divulgado pelo coletivo, um carro de som conscientizava a comunidade sobre os perigos do coronavírus, mas não tinha relação com o tráfico e nem com as agressões. Leia o texto na íntegra:

 -Desconhecemos essa ligação com o comércio varejista de drogas

– Foi uma medida adotada para alertar a comunidade, que, embora tivesse várias informações sobre a prevenção rolando, não estávamos percebendo muito efeito.
A mesma ação já havia sido feita anteriormente. Outra chamada com carro de som com mensagem em tom mais informativo, porém as pessoas continuavam fazendo festas, churrascos e reuniões, em seus portões ou terraços, por toda a comunidade, desobedecendo TODAS as medidas de prevenção recomendadas por organizações MUNDIAIS

– O nome “carro da lapada” foi dado pelos próprios moradores e decidimos adotar o “apelido” para chamar a atenção dos mesmos. Confessamos que talvez o tom da mensagem possa não ser dos mais agradáveis, mas foi apenas na intenção de atentar nossa comunidade para a urgência e seriedade da situação.

– Atualmente a maioria dos moradores está usando os itens de prevenção quando precisam ir às ruas

– Fica registrado que o conteúdo do anúncio foi baseado no decreto do estado do Rio de Janeiro, e essa atitude foi adotada por moradores já que o Estado não está tomando nenhuma medida de prevenção nas favelas

– Temos representantes legais na nossa comunidade que estão a disposição para esclarecer qualquer mau entendido

EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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