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Ainda sem a instalação de caçambas, moradores do Alemão reclamam de lixo a céu aberto

A nova logística de limpeza urbana da Comlurb prevê a instalação de contêineres de 1.200 litros nas comunidades do Complexo do Alemão, mas projeto ainda não saiu do papel
Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades
Dona Conceição, moradora da rua Sebastião de Carvalho. Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Entre todos os fatores que apontam para uma condição de vida digna no cotidiano dos cidadãos brasileiros, o saneamento básico é um direito humano essencial. Porém, esse princípio da cidadania garantido através da Constituição Brasileira de 1998 é constantemente negado ou negligenciado nas comunidades cariocas. 

É no meio dessa situação de incômodo que Maria Luiz de Santos, de 65 anos, moradora da rua Sebastião, cuida da sua rotina e de seus familiares. Moradora do Complexo do Alemão há 25 anos, dona Conceição (como é mais conhecida na região) aponta as dificuldades de conviver com um “depósito” a céu aberto de resíduos em frente de casa, já que o local ainda não recebeu a instalação das prometidas caçambas de lixo.

“É uma situação bem difícil, sabe? Eu cuido do meu pai, que já tem 90 anos, e dos meus filhos. Tem dias que é quase impossível abrir as janelas de casa, pois o cheiro e os mosquitos invadem tudo. Eu rezo muito para a melhora dessa situação porque tenho certeza que Deus olha por nós e a condição vai melhorar em breve”, deseja dona Conceição. 

De acordo com planejamento de limpeza urbana da Comlurb, há a previsão de instalação de caçambas de 1.200 litros no Complexo do Alemão. A nova logística da companhia também distribuiu o mesmo sistema de coleta de lixos no Complexo da Penha e no Vidigal. Enquanto não chega o tão sonhado “laranjão” (apelido carinhoso dado pelos moradores da região aos contêineres da Comlurb), dona Conceição “dribla” as sacolas de lixo e entulhos para entrar na sua residência. Pois o depósito fica em frente da escadaria que dá acesso a sua casa. “Às vezes, são tantas sacolas e outros objetos descartados que não dá nem pra andar”, explica.  

Morador Berg Martins mostra a situação do lixo no Vidigal
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Não muito longe dali, na rua Jehovan Costa, professoras e crianças da Creche Municipal Nova Brasília também passam por esse cenário de depósito de lixo a céu aberto. Lá, a condição sanitária é tão grave que a instituição chegou a recorrer a promessas e simpatias para afastar os pombos que infestam o local por causa do acúmulo de resíduos na região. Segundo a professora Elisângela Pereira Correa, de 48 anos, a situação é um descaso de saúde pública que atinge toda a população da região. Ela também pontua que os pais dos alunos precisam encarar uma trajetória de lixo para chegar até a entrada do centro infantil. 

 Falta de planejamento na limpeza urbana é um dos maiores problemas nas comunidades cariocas
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

“Aqui é um horror! A gente passa o dia inteiro falando sobre sustentabilidade e sobre um futuro melhor para as crianças e quando elas saem da creche dão de cara com o lixão. Sem falar dos mosquitos, ratos e os pombos que são problemas constantes daqui. Instalamos alguns CD ‘s nas janelas para o reflexo do sol afastar os pombos, mas não adiantou muito”, desabafa a professora. 

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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