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Cantor da favela visita Holanda

O cantor Eddu Grau esteve representando o Brasil em um festival na Holanda e tivemos um bate-papo com ele assim que ele chegou. Veja um pouco do que ele falou.

Você sempre quis conhecer a Holanda?

Desde o começo da minha faculdade de geografia começei a ter facinação pela holanda, o país com uma imagem tão liberal, no meu imaginário criado no Brasil, foi me passado a imagem de uma cidade meio Sodoma e Gomarra. Mas quanto estive aqui puder compreender que o fator liberdade, igualdade e valorização à vida é o que faz a cidade ser maravilhosa.

Algumas semanas atrás pisei pela primeira vez nas terras européias. Foi um choque cultural e térmico, que saudades me deu de andar de havaianas e de bermuda, todo dia era uma luta me embrulhar em tanta roupa quente pra suportar aquele frio. Mas os chuveiros são ótimos, quentes e com bastante água, que não acaba!

A imagem que temos estereotipada da Holanda é que a cultura e o povo de lá é frio. Mas percebi que os holandeses são gente boa e seriam bons amigos. Só não são tão calorosos como os brasileiros, eles são mais sérios. Nas duas semanas que estive lá não vi quase ninguem se beijando, ou namorando. Fui em balada, parque ou barzinhos, e fica todo mundo sem ao menos tocar a mão um do outros. É cliché, mas é verdade.

O que te chamou mais atenção na Holanda?

O que chamou minha atenção foi a durabilidade das coisas. Eu visitei uma casa que tinha a idade da colonização do meu país. Eu me apego nos detalhes… Tem comidas muito boas, os queijos de lá são incríveis, o vinho, o pão e a cerveja. Você chega num local para tomar um café e pode colocar o seu casaco e sua bolsa ali no canto, sem que ninguém vá mexer. O horário dos meios de transporte também me chamaram atenção, tudo funciona de forma metódica, sem atraso. Outra coisa é que as pessoas lá não consomem açúcar e comem pouca carne, o resultado são pessoas com uma aparência extremamente saudável andando nas ruas.

Como foi a comunicação em um outro país?

A (minha) musica me levou em muitos lugares. Sem falar nada em holandês muitas vezes me comunicava por meio do meu violão. Lembro de ver um cara brincando com o violão dele num banquinho num parque. Sentei no lado dele e começamos a tocar juntos.

Como que é a Holanda na questão de urbanização? Tem favelas?

A Holanda é um país super organizado. Tem bairro onde toda casa é igual (igual mesmo!), e as coisas funcionam. Onde teriam favelas no Brasil, na Holanda tem prédios, concretos, ruas. Visitei um centro de jovens na periferia holandesa, uma área que tem um visual muito diferente das casinhas famosas de Amsterdam. O centro era lindo, o trabalho fantástico (música, audio/visual/dança/canto), eu não vi pobreza, não a pobreza que eu vejo no meu país. A cultura estava ali viva, mostrando que é sempre a cultura que é o mais importante.

O que você aprendeu nessa viagem? Como foi a experiência?

Temos que aprender várias coisas dos holandeses, mas ao mesmo tempo eles querem aprender muito com os brasileiros. Quando participei de um debate sobre o Brasil, organizado em um Centro de Cultura em Amsterdam, vi o interesse dos holandeses pelo Brasil e nossa cultura.

Cheguei a participar na Holanda de um protesto contra a crise econômica na Europa, e o que eu mas gostei foi a forma pacífica em que o protesto foi conduzido.

Acho que Holanda precisa de mais cultura viva. Principalmente cultura do povo, cultura que é do povo, que sobrevive sem subsídios ou dinheiro qualquer. Vi muitos violões, e outros intrumentos por lá, mas poucas pessoas tocavam neles. No Brasil isso não existe, quase todo mundo toca algum instrumento. No momento estou trabalhando num sarau por aqui e seria muito interessante fazer uma coisa parecida lá. Estimular a criatividade e a espontaneidade!

Por: Thamyra Thâmara

+INFO:

Conheça a história do Eddu Grau:
http://www.vozdascomunidades.com.br/?p=8352

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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