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Moradora do Vidigal realiza ações de proteção animal em meio à pandemia

Ana Lima já ajudou a castrar 62 animais e distribuiu ração a mais de 300 cães e gatos
Ana Lima. Foto: acervo pess
Ana Lima. Foto: acervo pess

A pandemia da covid-19 deixou milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade devido à falta de dinheiro, por não poderem ir para a rua trabalhar. Por isso, diversas organizações civis se mobilizaram para garantir a sobrevivência daqueles que se encontram nessas condições. Mas Ana Lima, cria do Vidigal, Zona Sul do Rio, pensou em uma parte fundamental de inúmeras famílias: animais de estimação. Por meio de doações, a mobilizadora social já alimentou mais de 300 cães e gatos. Além disso, ela está envolvida com intenso trabalho de conscientização sobre castração e proteção animal. Apenas neste período de quarentena, já ajudou a castrar mais de 62 animais.

Ana Lima nasceu e foi criada nas ruas do Vidigal. Ela é guia de turismo há mais de 10 anos e é proprietária da empresa “Trilha dois irmãos”, que existe desde 2010. Formada em administração, trabalhou em uma empresa na área por anos. Em um dado momento, começou a levar amigos para conhecer o Vidigal e as trilhas da região. Os amigos chamaram outros amigos e coisa foi crescendo. “Foi então que minha chefe na época me disse ‘acho que você seria mais feliz como guia’ e ela estava certa”, conta Ana.

Devido à castração, Ana já impediu o nascimento de 2.080 filhotes

Antes da pandemia, a empreendedora já fazia trabalhos de castração e de proteção animal. Ela desenvolve um trabalho de conscientização sobre a importância da castração. “Já ajudei a castrar gatos na Rocinha e consegui adoção para filhotes, junto com outros protetores de animais”. Atualmente, com o período de quarentena, seu trabalho se intensificou, e a guia de turismo tem se empenhado em castrar e cuidar de cães e gatos do Vidigal. “A castração não é gratuita, informo aos moradores sobre a necessidade de castrar e pergunto quanto eles teriam para realizar o procedimento que custa 90 reais para gatas em uma clínica veterinária na Rocinha, que é onde recomendo que seja feito pois é mais barato”.

Segundo Ana, ela resolveu realizar o processo desta forma para poder ajudar quem realmente precisa e também para poder atingir o maior número de pessoas possível. “Só na pandemia, já castramos 62 animais. Quando pergunto quanto podem dar para a operação, alguns respondem 10, 20, outros 60, 70 reais e eu, com o dinheiro das doações, completo o valor. Às vezes, ajudo na passagem, nos remédios do pós-operatório. Eu dou todas as orientações e ajudo no que for necessário. Uma amiga, também engajada em ações de proteção animal, inclusive, passa nas casas retirando curativos e pontos”.

Ana entendeu e estudou todos os detalhes sobre castração para poder informar as pessoas. “Muita gente não sabe, mas é possível castrar um animal já com cinco meses de vida e que pode castrar a fêmea mesmo ela estando grávida, por exemplo. Sempre falo para as pessoas sobre a importância da castração. Uma gata pode dar cria até quatro vezes por ano, nascem de 4 a mais de 10 filhotes de uma vez, em média. Já castrei 38 gatos só nesse período de quarentena. Levando em consideração o maior número, dez, já prevenimos o nascimento de 2.080 filhotes só de gato e isso apenas no período da pandemia”.

Doação de ração

Além da castração, a guia de turismo também está se preocupando em alimentar os animais. “Me senti muito presa na pandemia, precisava fazer algo, tinha necessidade mesmo, sou muito ativa. Então, postei no meu Facebook que os moradores do Vidigal precisavam de alimentos e consegui ajuda, principalmente dos meus clientes. Com o dinheiro, além de comprar comida para os moradores, comprava ração para cães e gatos. Eu pedi autorização aos doadores e eles concordaram. Nesse período, uma senhora, que abriga animais, entrou em contato comigo pedindo ração, ela tinha 34 gatos. Dela, ajudei a castrar uns 20. Ela passava muita necessidade e dela consegui tudo através de doação”.

Ana defende que as pessoas acabam esquecendo dos pets quando pensam em auxílio. “Encontrei animais em péssimas condições. As famílias não têm o que comer nem o que dar para o animal. Ajudei um cachorro que o dono trabalha na praia e que devido à pandemia ficou sem renda alguma. Algumas pessoas estavam dando comida dia sim dia não para seus gatos e cachorros e outros estavam dando o fubá, que vinha em cestas de doação. Daí surgiu minha ideia de pedir doação para ração também”.

Devido à natureza de seu trabalho, a dona do Negão e da Belinha não está podendo trabalhar no momento e vive de reservas pessoais, adquiridas ao longo dos anos. “Eu nasci e cresci aqui no Vidigal. É gratificante para mim poder ajudar meus vizinhos. Se cada um fizer uma parte, a coisa anda melhor, e assim temos mais forças para passar por momentos difíceis como esse. Muitas pessoas ajudam, é uma rede de solidariedade mesmo, sei que se um dia eu precisasse, iriam me ajudar também. São meus vizinhos, pessoas que me viram crescer”.

Quem puder e quiser ajudar ou saber mais sobre o trabalho da Ana Lima pode entrar em contato com ela através de sua página profissional no Facebook chamada “Trilha dois irmãos”.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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