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Terça-feira marcada por dor e protesto na Cidade de Deus

Marcelo era pai de dois filhos e casado com Carla Roberta, com quem completaria 22 anos de casado
Kamila Camillo

Foto: Kamila Camillo / Voz das Comunidades

Muitas lágrimas e palavras de ordem marcaram a tarde dessa terça-feira (05), um dia após a morte do pai de família Marcelo Guimarães, de 38 anos, que foi alvejado e morto, a caminho de casa, após deixar seu filho de 5 anos na escolinha de futebol.

Foto: Kamila Camillo / Voz das Comunidades

Durante o enterro de Marcelo, que aconteceu Cemitério de Inhaúma, Zona Norte do Rio, parentes e familiares estavam inconsoláveis, devido a forma como ceifaram a vida dele. A mãe, Angélica Francisca Guimarães, de 59 anos, questionou a operação que ocorreu na Cidade de Deus. “Para que eles se prepararam? Para acabar com a vida do outro?”.

Além disso, falou também sobre o quanto seu filho era trabalhador e questionou até quando outras mães continuariam passando pelo o que ela está passando. Ele era um cara trabalhador. Construiu a casa dele na dificuldade, ralando todo dia. Foi uma covardia. Já perdi meu filho. Mas sei que outras mães ainda vão perder seus filhos. Inclusive, neste mesmo local. Como vou dizer para meu neto, que chama pelo pai a todo tempo, que ele não está mais aqui?”, desabafou a mãe da vítima aos prantos.

Foto: Kamila Camillo / Voz das Comunidades

Protesto na Cidade de Deus

Após o velório, moradores, atuantes locais, representantes da sociedade civil, militantes, familiares, amigos e mães de outros jovens vítimas do estado, prestaram homenagem ao Marcelo no local onde o atingiram. O lugar estava cercado de carros da polícia, caveirão e uma ronda, que, a todo momento, passava fotografando as pessoas que estavam na ação (ocorrida de forma pacífica). Todos exigiam que o poder público não exterminasse mais nenhuma vida.

Uma ronda de policiais que a todo momento passavam pelo local fotografando.
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

No viaduto, foi feito um grafite com a imagem de Marcelo. Além disso, havia um microfone aberto para que todos pudessem expressar seus sentimentos. Dentre as falas, disseram: “Todas as vidas importam! Justiça por Marcelo! Vidas Negras Importam!”

Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

A filha de Marcelo, Vitória Guimarães, de 19 anos, também se emocionou. Foi às lagrimas ao lado da sua mãe durante o ato. “Porque vocês fizeram isso com o meu pai? Ele não era bandido. E agora, quem vai tirar essa dor? Não teve tiroteio, foi um assassinato. Não existe um confronto, quando não tem troca de tiros e apenas uma bala que acertou o coração meu pai. Eles negaram socorro ao meu pai, deixaram ele no chão como um lixo”, afirmou Vitória.

Foto: Kamila Camillo / Voz das Comunidades

O protesto seguiu por dentro dos acessos da Cidade de Deus e se direcionou até o batalhão da área, ecoando em alto e bom som: “Justiça para Marcelo! Marcelo Guimarães, presente!”

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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