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“Vem que tá barato e tá gostoso”: vendedora de guloseimas é sucesso no Complexo da Penha

Beatriz Dias percorre becos e vielas da comunidade vendendo bolos de potes e empadões
Foto: Renato Moura / Voz das Comunidades

Faça chuva ou sol, Beatriz Dias, de 22 anos, percorre becos e vielas do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, vendendo bolos de potes e empadões. Não falta alegria, disposição e criatividade para atrair a clientela, a música “vem que tá barato e tá gostoso”, cantada pela vendedora, já virou hit na comunidade.

Com o carrinho cheio de guloseimas, Beatriz começa a circular pela Chatuba, depois segue para Maragogi, Grotão, Aimoré, Sacopã, Rua A, Rua F, Inter, Doze, Quatorze, Campo da Ordem, e no final volta por todo o trajeto. A caminhada começa às 14h e termina por volta das 18h, com toda a mercadoria vendida. 

“A rua é muito bom, vocês não têm noção! É um lugar que eu me encontrei, onde eu posso ser a pessoa que eu sou, brincalhona, gosto de chamar atenção, é de mim. Eu gosto do que faço, a rua é o meu lugar de paz”, diz Beatriz Dias. 

Beatriz Dias vende bolo de pote e empadão andando por 11 localidades do Complexo da Penha. Foto: Renato Moura / Voz das Comunidades

Sócia e cunhada de Beatriz, Márcia Santos é a responsável por preparar as guloseimas que são vendidas. E tudo começou com apenas 50 reais. Beatriz já sabia dos dotes culinários da cunhada e deu a ideia de começar o empreendimento. “A gente tinha ido na rua, ai a Bia virou para mim e falou: ‘você faz as coisas tão bem, porque a gente não vende bolo de pote?’ Eu achei maluquice! Eu só tinha 30 reais e ela 20. Mas ela deu a ideia de comprar as coisas, eu já tinha uns ingredientes em casa e a gente fez. Assim, em uma hora já tinha vendido tudo e dali começou, com 50 reais”, conta Márcia. 

Depois da primeira venda, a dupla não parou mais. Beatriz ficou animada e já pensava em dobrar a produção. Atualmente, de quinta-feira a sábado são vendidos, em média, 80 empadões e 40 bolos por dia. Aos finais de semana, a demanda aumenta com as encomendas e são vendidos entre 20 a 30 bolos. Para isso acontecer, de quarta-feira a sábado, Márcia acorda bem cedo e às 6h já está com a mão na massa, segundo ela, normalmente só sai da cozinha às 23h.

Márcia Santos é quem prepara os doces e salgados que são vendidos. Foto: Renato Moura / Voz das Comunidades

Os sonhos das empreendedoras 

Beatriz afirma que a rua é o seu lugar e a não pensa em deixar de vender andando pelo Complexo da Penha. Mas, para agilizar o trabalho ela tem o sonho de ter uma moto, pois o veículo facilitaria a entrega dos bolos maiores. “Além do bolo e empadão pequeno, tem o bolo grande e quando sai bastante me complica na venda dos pequenos. Porque se eu parar para entregar os maiores, os pequenos ficam. Com a moto daria para eu parar, entregar os grandes e voltar para a rua rapidinho”, explica Beatriz Dias. 

Outro desejo da vendedora é conquistar mais espaço. Além das ruas do Complexo da Penha, Beatriz pensa no investimento em outras favelas, como o Complexo do Alemão, na Zona Norte. Porém, precisa encontrar um ajudante com o mesmo amor e força de vontade para andar por diversas localidades da comunidade. 

Márcia Santos, também tem seus sonhos para o empreendimento da dupla. Ela planeja abrir uma loja fixa para expandir as vendas, construir uma cozinha só para fazer as receitas e contratar uma ajudante para dobrar a produção. Márcia compartilhou um pouco sobre o desejo em poder ajudar o próximo: “eu pretendo ajudar muitas pessoas se Deus ajudar a gente. Porque tem muita gente que precisa e eu tenho no meu coração. Pretendo ajudar muitos que começaram com a gente, não só porque estavam ali fazendo, mas estavam ajudando com palavras”. 

Em busca de realizar esses sonhos, Beatriz e Márcia seguem trabalhando para conquistar mais espaço e moradores do Complexo da Penha. A dupla investe na dedicação de Márcia na cozinha e animação de Beatriz nas ruas da comunidade.

O sonho de Beatriz é ter uma moto para facilitar as entregas. Foto: Renato Moura / Voz das Comunidades

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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