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Você gosta de comida orgânica?

Você gosta do nome favela? Tem algum problema com esse nome? Acha feio?
Incomodada com a visão preconceituosa de muitas pessoas sobre a favela, Regina Tchelly, moradora da Babilônia, idealizadora do projeto ‘Favela Orgânica’, contou hoje  no 1° dia de programação da Cúpula dos Povos no Chapéu Mangueira/ Babilônia, de onde veio a inspiração para o nome do projeto. “Eu gosto do nome favela. As pessoas acham que na favela só tem gente burra, o que não é verdade. Eu gosto do nome favela porque representa muita coisa boa”, explica.

Nordestina, carioca de coração, mora na babilônia desde que se entende por gente, já foi doméstica e agora administra seu próprio projeto ‘Favela Orgânica’, que busca aproveitar integralmente cada alimento, valorizando seu ciclo. “Eu trabalhava de doméstica e via muito desperdício nas casas, isso me incomodava muito. É importante aproveitar todo o alimento, as cascas, as sementes tem muita coisa nutritiva e saborosa”, declara Regina.

A oficina começou no início da tarde com os alunos da escola comunitário da Tia Persília, na Babilônia, que tiveram aulas de como preparar um suco de maracujá com couve, aproveitando os talos e a polpa para o adubo. A escola vive de patrocínios e atende a alunos do Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Muitos alunos presentes aprendiam uma receita pela primeira vez.

Paralelamente a oficina acontecia na praça em frente à escola uma exposição com desenhos dos alunos com o tema: Direitos da Criança e do Adolescente e Igualdade entre os povos. “Os desenhos foram confeccionados no mês passado. Teve uma série de apresentações das crianças pela comunidade e deixamos esses desenhos ai expostos para mostrar que nos preocupamos com o meio ambiente e com a sustentabilidade do planeta”, conta Cristian Oliveira, 20 anos, professor de cultura.

Grande parte do lixo produzido pelo homem é resultado do desperdício de comida. Além disso, muitos países em processo desenvolvimento sofrem com a fome e com a mortalidade infantil. Diante desse quadro que cresce, junto com o crescimento populacional é preciso pensar em alternativas sustentáveis para reverter essa situação. E contrário do que muita gente pensa, a solução não está nos transgênicos, que resolve a solução hoje e pioro tudo amanhã.

Uma possível alternativa está na reeducação alimentar de toda uma geração, que consome cada vez mais alimentos industrializados e que joga fora grande parte dos alimentos na hora do preparado da refeição. “Meu trabalho não é reaproveitar. Não estamos falando disso! Estamos falando de aproveitar por completo todo alimento, que vai para as nossas casas. Desde a plantação, o colhimento e até devolver de novo para terra em forma de adubo”, ressalta Regina, que começou a construir uma horta comunitária na comunidade.

As oficinas realizadas pelo ‘Favela Orgânica’ em parceria com a escola Tia Persília, encontraram muita dificuldade em realizar-se com materiais sustentáveis. xxx “Todo mundo fala de sustentabilidade, e eu pergunto sustentabilidade para quem? Hoje a gente usou 100 copos aqui, se eu for comprar 100 copos, pratos e colheres, sem ser de plástico fica mais caro do que a comida. Ser sustentável é caro e o governo não dá nenhum incentivo. Acaba sendo apenas mercado para as grandes empresas”, questionou Regina.

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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