Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

Coluna | Nem eu, e nem você!

CRÔNICA:

Certa ocasião, em um dos inúmeros grupos de whatsapp estavam organizando uma festinha. Em meio a tantas conversas – até mesmo paralelas – surgiu um debate quanto à palavra nem. Ao chamar alguém dessa forma, outra pessoa retrucou ao dizer “nem eu e nem você”. Sinceramente: não entendi! Nem o que? Nem te ligo, nem te digo, nem quero saber, nem vem que não tem!

Começou um debate onde as pessoas opinaram livremente frente a esse termo: nem! O interessante foi perceber o quão se sentem ofendidas ao serem chamadas dessa forma. Mas de verdade, o que há de tão ruim ao ser chamado (a) assim? Geralmente são as mulheres que não gostam e logo sinalizam em bom e alto som – claro! – que, não querem ser chamadas dessa forma: nem!

Ao andar pelas ruas, trocadores de transportes alternativos, por exemplo, se utilizam desse termo para atrair seus passageiros – e isso não é maravilhoso? Claro, afinal de contas, ele não sabe o nome de ninguém. Detalhe: toda forma de comunicação pode ser válida! De forma popular e não acadêmica, nem se tornou digamos que uma forma carinhosa de cumprimentar pessoas. Em fila de banco ou casa lotérica, já ouvi as mesmas tratarem umas as outras as chamando assim. Agora me diz uma coisa, qual o grau da tamanha ofensa ao ser chamada (o) de nem? E o Mc Marcinho diz em seu funk “vai arrasa nem”. Ok então, vamos arrasar!

A quem diga que “nem” é coisa de favelado, mas um momento, por favor: o que é de fato ser um favelado? Favelado nada mais é do que uma pessoa que vive em um conjunto de moradias populares, mais precisamente construídas em encostas de morro ou não; algumas favelas são no asfalto mesmo, como por exemplo, a praia da rosa localizada na minha querida Ilha do Governador. Será indigna a pessoa que mora em uma favela: não! Mas perguntando algumas pessoas sobre esse termo, a grande maioria diz que a pessoa tida como nem possui comportamentos não adequados, devidamente reprovados pela sociedade. Logo, ser chamado de nem, torna-se uma ofensa. Na verdade, crime inafiançável. Cuidado!

Bom, para mim torna-se uma forma carinhosa de falar com alguém, principalmente quando esquecemos o nome da pessoa – melhor do que chama-las de coisa ou coisinha, mas, tenho percebido e aprendido que, usando a segunda opção elas se ofendem menos, melhor dizer: não se ofendem! E lá pelas tantas depois de tanto perguntar algumas pessoas sobre esse tema, alguém o definiu de uma forma excêntrica; essa pessoa a qual não mencionarei o nome – claro! – disse para ela nem, ser a abreviação de neném e que um neném é tão fofo que, ela acredita ser bem delicado e de uma sensibilidade tamanha, chamar um alguém assim: nem!

E para não mais falar sobre isso, vamos negociar uma questão: ditar regras comportamentais em pleno 3º milênio, o século XXI, pode ser um convite negativo uma vez que já foi combinado que não existe o certo nem tão pouco o errado. Estão dizendo por aí que “meu corpo, minhas regras” e assim “cada um na sua, (ou seja), cada um no seu quadrado”. Alguém já mencionou também que “o que importa é ser feliz”. Será? Bom, estou acreditando que podemos encontrar diversos tipos de pessoas em diversos tipos de lugares. Certamente quando menos esperarmos, veremos alguém fugindo da tal regra imposta.

Acredito também que não é saudável ser politicamente correto e nem tão pouco, liberar geral. Logo o equilíbrio será bem vindo! Pessoas sejam faveladas ou não, estão passíveis de erros e acertos. Assim somos todos nós! Vamos parar com essa de rotular as pessoas, pois essa prática já deu o que tinha que dar, pois o mundo ficará ainda mais chato! Se continuarem, vai dar barulho e confusão. Mas sem delongas, vamos direto ao assunto, pois, também ficou combinado o seguinte “nem eu e nem você”. Ok!?

Compartilhe este post com seus amigos

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp

EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

Contato:
[email protected]