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No Alemão, garçonete sonha se tornar jogadora de futebol profissional

Bianca de Araújo ou somente Bia, como é chamada pelos amigos, mora no condomínio Jardim das Acácias na Estrada do Itararé e foi artilheira do regional em 2019. Atualmente a camisa 23 é atacante do Olaria 1 FJU e aos 21 anos luta para tornar realidade o sonho de ser jogadora de futebol profissional, enquanto trabalha como garçonete no centro do Rio.

Ela conta durante entrevista para o Voz das Comunidades toda a sua história, sonhos e opiniões sobre o futebol feminino pela perspectiva da favela.

Quando você começou a jogar e se interessar por futebol ? Teve apoio da família e amigos?

“Meu pai desde os 6 anos me levava para as peladas dele final de semana e eu comecei a gostar de futebol, daí veio o sonho de ser jogadora. Sempre joguei com os meninos desde nova, eles me olhavam já como “Ah café com leite”, aí que eu bagunçava eles (risos). Meu pai sempre me incentivou e minha mãe até hoje fica toda boba, quando saio pra jogar um campeonato. No colégio, os meninos chegaram a pedir na direção para que eu jogasse o interclasses no ensino médio”. 

Em 2008 ainda com 10 anos, Bia montou por conta própria um time de futebol feminino no campo das Casinhas no Complexo do Alemão. Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

Como você vê o sonho de ser jogadora de futebol hoje, com 21 anos ?

“Ah eu ainda acredito, a esperança é última que morre. Eu acredito que dá para chegar, eu só queria uma oportunidade de tentar mostrar o meu futebol. Acaba que os clubes grandes esperam que a gente vá até eles e olham pouco para as comunidades”

No Olaria 1 FJU, como é jogar, como é o time?

“Estou aqui a dois anos, agora mais entrosada com o time, que é bom e tem muitas meninas habilidosas. O professor (o técnico Antônio Carlos) é importante nesse projeto. Ele nos ajuda bastante, faz o grupo jogar e ser unido e continuar acreditando que dá pra chegar nos objetivos. O técnico Antônio Carlos é responsável pelo projeto, que é uma parceria com a FJU (Força Jovem Universal), da Igreja Universal.”

Tem algum jogo marcante?

“No campeonato que aconteceu lá na Mangueira em fevereiro do ano passado, tinha narrador, câmera, torcida e tudo, foi muita emoção!”

“Eu acredito que dá para chegar, eu só queria uma oportunidade de tentar mostrar o meu futebol”. Foto: Vilma Ribeiro/Voz das Comunidades

Como você avalia as condições do futebol feminino no Rio?

“Pediria para que principalmente os grandes, olhassem para dentro das favelas, dando uma oportunidade. Se tivessem escolinhas de futebol feminino como tem para o masculino, talvez lá atrás teria me ajudado a ter mais foco e forças para ir em busca da minha carreira.  Eu largaria tudo que tenho hoje para ser jogadora profissional, ou pelos menos ter uma chance de tentar e poder viver de algo que eu gosto e amo que é o futebol”.

Tem alguma jogadora que seja referência para você ?

“Sem dúvidas a Marta, Cristiane e Formiga, são inspirações para todas nós. Não só pelo futebol mas também pela trajetória, e conseguirem chegar no topo”.

Em 2019 ocorreu na França a maior Copa do Mundo FIFA de futebol feminino da história e foi marcada por muitas frases fortes de jogadoras participantes. Que o legado não seja somente na história mas também nos países participantes, a tentar valorizar a formação das jogadoras.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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