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Observatório de Favelas lança pesquisa sobre violência de gênero e letalidade feminina no Rio

O estudo analisou dados de violência contra mulheres e os impactos da pandemia sobre as políticas de prevenção e a rede de proteção às vítimas
Foto: Arquivo EBC
Foto: Arquivo EBC

O Observatório das Favelas lançou no dia 10 de março a pesquisa “Violência contra mulheres e letalidade feminina no Rio de Janeiro”. O estudo foi desenvolvido por pesquisadoras do Programa de Direito à Vida e Segurança Pública do Observatório de Favelas com apoio da Open Society Foundations.

A pesquisa

O estudo buscou compreender as dinâmicas de violência contra mulheres (cis e trans) e os impactos da pandemia de Covid-19 sobre as políticas de prevenção e a rede de proteção a mulheres cisgênero e transgênero em situação de violência.

Foi analisado dados de violências físicas, sexuais e psicológicas praticadas contra mulheres no estado do Rio de Janeiro registrados pelo ISP-RJ no período de 2015 a 2020. Entre as violências não letais, os casos de ameaça, lesão corporal dolosa e estupro foram os registros com maior incidência ao longo de todo o período.

Quanto à repercussão dos crimes letais noticiados na imprensa no primeiro ano de pandemia, foram mapeados 75 casos de violência letal contra meninas e mulheres no período de março de 2020 a março de 2021 pela grande mídia do estado do Rio. Estas ocorrências incluem casos de feminicídios, homicídios, latrocínios, homicídios decorrentes de intervenção policial e estupro seguido de morte.

Entre os casos de feminicídio analisados, nota-se a frequência com que mulheres foram mortas por companheiros ou ex-companheiros na presença de filhos. Ainda que os dados oficiais do ISP coloquem em evidência que mulheres negras são as principais vítimas de feminicídios, esses casos não tiveram destaque equivalente na imprensa. No primeiro ano de pandemia, mulheres brancas foram a maioria das vítimas entre os casos de feminicídios divulgados por meio de veículos de comunicação monitorados. Em contrapartida, mulheres negras predominaram nos casos de violência letal noticiados que não foram qualificados como feminicídio.

Thais Gomes, coordenadora executiva do Programa de Direito à Vida e Segurança Pública do Observatório de Favelas, diz o seguinte a pesquisa. “O estudo mostra que há uma série de violências que atravessam a vida de determinados grupos de mulheres, que não se restringe ao espaço doméstico, ou às relações interpessoais, mas que também corrobora para a mortalidade de mulheres. Esse continuum de violências é marcado pela militarização de espaços periféricos, pela fome, pelo racismo institucional, pela transfobia, pela lesbofobia, pelo capacitismo, entre outros fatores. Vale reiterar que, ao confluírem, esses fatores intensificam ainda mais a exposição de determinadas mulheres à morte violenta, em especial, mulheres negras, periféricas e LGBTs”. 

Foto: Reprodução

A apresentação dos resultados e o lançamento foi transmitido ao vivo pelo canal do Observatório das Favelas no YouTube. Para acompanhar e saber tudo que ocorreu, basta acessar o vídeo através deste link (https://www.youtube.com/watch?v=3Nzq55sxl90). Para ter acesso à pesquisa na integra, basta entrar no link a seguir (https://observatoriodefavelas.org.br/wp-content/uploads/2022/03/Pesquisa_ViolenciaContraMulheres.pdf).

Sobre o Observatório de Favelas

Criado em 2001, o Observatório de Favelas é uma organização da sociedade civil sediada no Conjunto de Favelas da Maré,  com atuação nacional. Dedica-se à produção de conhecimento e metodologias visando incidir em políticas públicas sobre as favelas e promover o direito à cidade. Fundado por pesquisadores e profissionais oriundos de espaços populares, tem como missão construir experiências que contribuam para a superação das desigualdades e o fortalecimento da democracia a partir da afirmação das favelas e periferias como territórios de potências e direitos. Atualmente,  desenvolve programas e projetos em cinco áreas: Direito à Vida e Segurança Pública, Arte e Território, Comunicação, Educação e Políticas Urbanas.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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