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Projeto #StreetArtRio convoca cariocas a registrar a arte urbana de toda a cidade

Catálogo vivo da arte nas ruas. No Jardim Botânico, uma jovem com os cabelos ao vento observa impassível o andar dos carros, acompanhada por um bebê idoso e um ursinho branco. Já os transeuntes do Grajaú devem ficar atentos a um monstro assustador, com presas enormes e saltados olhos amarelos. Estes e muitos outros personagens e universos que colorem as ruas e muros cariocas agora têm um ponto de encontro: o site e aplicativo#StreetArtRio, um projeto colaborativo em que os próprios usuários mandam fotos de intervenções urbanas na cidade, indicando o local onde se encontram, o artista responsável e a técnica utilizada.

#StreetArtRio
#StreetArtRio

A ideia para esse “catálogo vivo e diário das ruas do Rio” surgiu quando os amigos Rafo Castro, artista, e Marcelo Alves, designer, viajam pela Califórnia, e tinham dificuldades para encontrar obras urbanas em São Francisco. “Diante desse obstáculo,  procuramos em nossos  smartphones aplicativos ou sites que nos ajudassem a visitar  as obras  e saber um pouco mais sobre os artistas locais. Descobrimos, assim, algumas iniciativas ligadas a Street Art, que possibilitaram a localização das intervenções pelas ruas. Surgiu a idei: se o Rio de Janeiro é tão rico em intervenções urbanas, por que não viabilizar um projeto semelhante para os cariocas?”, contam os criadores.

O site foi lançado há pouco mais de uma semana, e o aplicativo para celulares, na última segunda-feira, 26/08. Nesse curto espaço de tempo, a iniciativa mostra bem como a vida urbana carioca respira arte: até o momento, o projeto já tem cerca de 500 obras catalogadas, de 174 artistas, reunidas graças ao trabalho de 131 Street Art Hunters, como os colaborados que enviam as fotos pelo Instagram são chamados. “O Rafo, que já é um conhecido artista na cena carioca, convidou outros artistas e amigos mais próximos a participar, explicando a iniciativa. Em pouco tempo muitas pessoas já começaram a utilizar a hashtag #StreetArtRio no Instagram, e antes do site entrar no ar já tínhamos mais de 100 obras catalogadas”, dizem.

Arte que não para

Até o momento, as regiões da Zona Norte e do Centro aparecem com o maior número de obras catalogadas. Apesar disso, os criadores chamam atenção para o fato de que ainda é muito cedo para apontar um padrão de concentração da arte urbana carioca. “Onde

existem mais pessoas circulando a pé serão os lugares com maior incidência de participação, mas isso não quer dizer que existam mais obras lá. A Zona Sul do Rio tem uma enorme quantidade de obras, porém as pessoas andam mais de carro e fica um pouco mais difícil o registro, por exemplo”, dizem. “Percebemos que a maioria dos cariocas adora as ruas da cidade com intervenções artísticas. O que estamos tentando fazer é mostrar pra essas pessoas que existe uma variedade muito maior de obras e artistas do que elas estão acostumadas a ver. Alguns artistas e obras só serão conhecidos se você visitar determinadas áreas da cidade”.

Uma obra marcada em um determinado ponto hoje, porém, pode não estar mais lá amanhã. A arte urbana tem com padrão a renovação e mudança, seja adicionando novos elementos a uma intervenção antiga, ou mesmo substituindo-a por outra. E um dos objetivos do projeto é registrar todo esse processo. “O bacana da Street Art é justamente esse movimento, essa constante mudança e intervenções em uma mesma obra ao longo do tempo. Um exemplo incrível que ilustra isso é a batalha de Banksy vs. King Robbo em um túnel de Londres, que começou em 1985 e só terminou em 2011. Por conta disso, decidimos que o #StreetArtRio deveria ser uma plataforma viva e que pudesse ser atualizada constantemente”, explicam Rafo e Marcelo. “Nosso objetivo é, no futuro, ter vários registros da mesma obra (ou parte dela) durante o tempo, criando um timeline visual da transformação dos locais da cidade com a intervenção artística constante”.

Colaboração de Marianna Salles Falcão.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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