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Sem salário, funcionários do “Gari Comunitário” cobram satisfações sobre fim do projeto

Durante campanha eleitoral, prefeito prometeu ampliar quadro de funcionários, mas os garis ficaram sabendo sobre o fim do projeto após notícias na TV
Gari Comunitário Foto: Melissa Cannabrava/ Voz das Comunidades
Gari Comunitário Foto: Melissa Cannabrava/ Voz das Comunidades

Uniformizados, cerca de 30 trabalhadores do setor de limpeza do Complexo do Alemão se reuniram na manhã de hoje (13) na Estrada do itararé, em frente a entrada da Grota, onde está localizada a sede do projeto Gari Comunitário. O objetivo era chamar atenção para a falta de compromisso da Prefeitura do Rio de Janeiro, que de acordo com os garis, não pagou as férias vencidas de 2009 e 2019, além atraso do pagamento do mês vigente. 

Em conjunto da Comlurb e a Associação de Moradores do Complexo, homens e mulheres trabalham administrando o lixo das principais ruas em 11 comunidades do Complexo de segunda a sábado há mais de 25 anos. João Carlos Martins Barbosa da Silva é encarregado da equipe do Alemão e o morador da Canitar, que tem a carteira assinada como gari há 19 anos, reclama da falta de informação em relação a continuidade do projeto e diz que os contratados ficaram sabendo sobre o fim do projeto através da TV.

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Aos 51 anos, o encarregado conta que se preocupa com os profissionais de mais idade em relação a novas oportunidades de emprego caso o projeto seja extinto. “Eu vou fazer 20 anos na função, mas tem gari que está desde o começo, já a mais de 25 anos. O que as pessoas vão fazer? Tem gente de idade mais avançada aqui que são dependentes desse trabalho…E agora? Vão conseguir emprego onde? Aqui todo mundo é pai de família e tem responsabilidades, inclusive muitos pagam pensão com desconto direto em folha. A gente ficou sabendo pela televisão!”, questiona o morador da Canitar.

João Carlos teme que com o fim do projeto, os funcionários fiquem sem emprego. Foto: Renato Moura/ Voz das Comunidades

“O Prefeito não honrou com o que ele prometeu na campanha. Em uma reunião durante o período eleitoral, o Crivella disse que ia multiplicar a quantidade de Garis Comunitários e nada disso foi feito, pelo contrário! Ainda queremos respostas. Vai terminar mesmo? Nós prestamos o serviço para Comlurb e estão dizendo agora, depois de anos, que é irregular, pois o pagamento é feito direto através da Associação de Moradores”, completa. 

O filho de Jarlei Nunes de Oliveira faz aniversário hoje e muito emocionado, o gari conta que além de não ter tido dinheiro para fazer compras e comemorar o dia dos pais no último domingo, o funcionário também não tem condições de preparar uma festa para o jovem. “Hoje meu filho está fazendo 17 anos e eu não tenho nem 1 real para comprar um presente para  ele. É uma vergonha o que fazem com um pai que vem lutando para deixar a comunidade que a gente também mora limpa. Tem um monte de gente aqui esperando para pagar suas contas e todos os dias os representantes da prefeitura falam que o dinheiro vai ser depositado e nunca sai!”, desabafa o gari de 47 anos.

Sem salário, Jarlei Nunes lamenta não ter dinheiro para comemorar o aniversário do filho. Foto: Melissa Cannabrava/ Voz das Comunidades

Atualmente os funcionários trabalham com a carteira assinada com o salário mínimo e mais um valor referente aos riscos da função. No total, recebem um pouco mais de mil reais para sustentar a família. Após a entrevista ao vivo na página do Voz das Comunidades, dois representantes da prefeitura estiveram na Grota e prometeram que até às 16h de hoje os salários seriam pagos, mas logo transferiram o pagamento para amanhã, mesmo dia em que marcaram uma reunião para esclarecimentos.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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