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Território é relativo

Kajaman. Toda vez que penso em território e pertencimento, penso no Kajá. Entre nossos muitos almoços, a questão do pertencimento ao território é minha temática favorita, já que ele sempre chega com novas histórias dos lugares por onde passa. O privilégio de almoçar com o Kajaman é pra poucos, já que sua agenda é bem apertada. Fico ansioso para chegar a época do Meeting Of Favela, quando invariavelmente passamos mais tempo juntos e ele me presenteia com aquele montão de vivências.

O maior aprendizado que um verdadeiro “cidadão do mundo” pode compartilhar tem a ver justamente com seu pertencimento. Houve um momento em que a Vila Operária e Duque de Caxias ficaram pequenos pra ele, que tinha sede de mais desafios e de circular sua arte. Kajá começou a pintar pelo Rio. Outros estados. Virou um verdadeiro amante da Bahia, inclusive. E conquistou a América Latina. Seu rolé por tantos lugares influenciou sua obra, que carrega as cores dos povos que visitou.

Ele nunca deixou de ser da Baixada.

Mas entendeu que o mundo é o quintal da sua casa e que as paredes mereciam receber a sua arte. Ah, pois é, falei que ele é grafiteiro? Ele expressa visualmente tudo aquilo que ele vive. Quando você consegue a oportunidade de trocar ideia com ele a respeito disso, ganha um bilhete para novas possibilidades.

Eu amo a Baixada. Minha terra.

Mas isso não pode me impedir de conhecer o universo ao redor dela. Eu entendo, hoje, que é necessário circular o entorno da minha área pra trazer pra ela o que aprendi de melhor. Desde o rolé de 457 no Méier com o Coé até umas voltas por São Gonçalo com o Romário Régis, preciso absorver “o crime e o creme” pra dividir com os meus.

Kajá sempre volta na Vila Operária. Faz questão de discotecar no Baile do MOF de sexta pra mostrar pros seus antigos vizinhos o que ele andou escutando ao longo do ano. Faz questão de recepcionar os artistas que chegam de toda a América Latina, inspirados pela sua caminhada. O mundo é o quintal dele. A Vila Operária é sua casa.streaming The Shack

E essa casa tem ficado mais colorida a cada ano.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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