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Minorias são maiorias reprimidas

Nesse sábado (26/05), aconteceu a “Marcha das Vadias” em Copacabana e em Brasília.A Marcha das Vadias nada mais é do que a Marcha dos Direitos, direitos das mulheres que foram historicamente roubados.

A Marcha reuniu centenas lutando contra o estupro de mulheres e meninas, no Brasil são registrados pelo menos 13 casos por dia.  A luta também era contra a exploração sexual de crianças e adolescentes, especialmente no contexto de turismo sexual e mega-eventos; outro drama levantado foi a regulamentação da profissão de prostituta, defendendo que as profissionais do sexo possam exercer esta atividade de forma segura, livre de estigma, da descriminalização e dos abusos cometidos por causa da marginalização, seja por cafetões, milícias, formas policiais e civis.

Além dessas bandeiras a Marcha levantou outras bandeiras bem mais polêmicas, por causa da grande parcela religiosa no país, bandeiras pelo fim da homofobia, lesbofobia, transfobia, sexismo e a favor da legalização do aborto.  Por quê? Tem como ser contra o aborto e a favor da legalização?

Eu sou contra o aborto porque eu não abortaria. Agora ser a favor de uma lei que obriga todos à viverem como eu vivo, já é demais.  

Aborto é crime, mas ninguém é preso por abortar. O que acontece são milhares de mulheres morrendo no Brasil, devido ás condições precárias em que são realizadas as interrupções voluntárias de gestações não desejadas. Aborto não é um problema de polícia, aborto é uma questão de saúde pública.

E como no Brasil quem sofre  são os mais pobres, essas mortes tem cor e classe social, uma vez que, quem tem mais dinheiro acaba conseguindo abortar em lugares proibidos, mas limpinhos, com médicos e toda condição necessária. Porque essas clínicas existem e estão por toda parte, movimentando muito dinheiro.

A legalização do aborto já existe em países como a França, na qual só é permitido abortar até doze semanas de gestação, a pedido da mulher caso não tenha razões sociais ou econômicas para ser mãe. Está na hora de falarmos abertamente sobre isso no Brasil sem todo esse moralismo e preconceito.

Existem razões para abortar e não dá para dizer que as pessoas só abortam porque não tem condições para criar esse filho, se fosse assim não teria pobre tendo filho e rico abortando. As questões são inúmeras e bem pessoais, da mesma forma que existem muitas razões para não abortar. Mas a questão não é essa! Não se trata em legitimar ou não essas razões.  

Ser a favor da legalização do aborto não significa ser a favor do aborto. Ninguém está pedindo que você seja a favor. Ser a favor da legalização do aborto se trata simplesmente de ser a favor que TODAS as mulheres, independente de cor ou classe social, tenham seu direito de escolha assegurado pelo Estado.

Meu corpo minha regra.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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