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Moradores do Capão convivem com valão sem qualquer tratamento

Esgoto a céu aberto continua fazendo parte da rotina dos moradores do Complexo do Alemão

Há cerca de 4 anos, a autônoma Adriana da Cunha Crespo, 37, foi morar na localidade conhecida como Capão, na Nova Brasília. O que ela não imaginava, era que teria que dividir o espaço com um velho conhecido dos moradores daquela região: o esgoto. Adriana conta que naquela época já havia o valão atrás da casa, porém não era como está hoje. A anga moradora construiu um muro por conta própria, mas não foi suficiente para acabar com o problema. E quando chove, a situação fica ainda mais crítica, pois vaza esgoto pelos ralos, e até através dos pisos da casa da autônoma. “Quando chove é sempre um pesadelo, o esgoto que corre pelos becos é o mesmo que alaga a minha casa”.

Adriana da Cunha Crespo – Foto: Renato Moura

A falta de manutenção somada ao desgaste natural e à falta de conscientização dos moradores eleva ainda mais o risco de doenças. “Durante o PAC, fizeram a galeria perto da Praça do Conhecimento, mas não sabemos o movo de não ter sido estendido até as casas situadas mais acima na comunidade”, complementa Adriana. Já foi cogitada a organização de mutirão, porém é preciso ter autorização da Associação dos Moradores.

Não é só Adriana, a única prejudicada. A vizinha dela, Viviane, 34, não pode sequer abrir a janela, ou o basculante do banheiro. “Tem que ficar tudo fechado por causa dos ratos e insetos, tenho vergonha de receber visitas por causa do mau cheiro”. O caso de Viviane ainda é mais grave por conta da gravidez. Ela que já teve dengue, tem medo de que o neném possa correr algum risco, já que quando chove, a cozinha, o banheiro e o quintal ficam inundados de esgoto. “O repelente se tornou obrigatório”, finaliza.

“Tem que ficar tudo fechado por causa dos ratos e insetos, tenho vergonha de receber visitas por causa do mau cheiro”.  – Foto: Renato Moura

Enquanto isso na Associação de Moradores da Nova Brasília…

Segundo o presidente da Associação de Moradores, Leleco, o local está abandonado pelos órgãos públicos há mais de 30 anos. “Fui o primeiro presidente que fez algum tipo de melhoria nesse aspecto, são mais de 40 localidades dentro da Nova Brasília nas quais organizei uma série de mutirões de limpeza, porém alguns dias depois, o lixo sempre volta”. Ainda de acordo com Leleco, a praça situada ao lado do teleférico foi uma das beneficiadas durante a gestão dele, e que também não foi poupada pela falta de zelo dos moradores. “É preciso que todos façam a sua parte, inclusive os moradores”.

O presidente afirma ainda que o caso já está inscrito no programa Morar Carioca, e que aguarda a posição da Prefeitura do Estado. O Programa Morar Carioca foi criado em julho de 2010 pela Prefeitura do Rio com o objetivo de promover a inclusão social, através da integração urbana e social completa e definitiva de todas as favelas do Rio até o ano de 2020.

Já a Defesa Civil alega que a responsabilidade da manutenção desses trechos é da Rio Águas. A Rio Águas não se pronunciou sobre o caso até o fechamento dessa matéria.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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