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O que é que a baiana tem? Tem o acarajé da Tia Ilma, que é disputado na Vila Cruzeiro

Há 7 anos na feira da Vila Cruzeiro, o Acarajé da Ilma é concorrido entre os clientes e a receita de família tem um tempero especial

Foto: Selma Souza / Voz Das Comunidades

Quem chega na tradicional feira da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, já tem uma parada certa para fazer aquele lanche de respeito por um preço acessível. Com o cheiro inconfundível de dendê, a barraca da Tia Ilma é muita disputada pelos clientes. E, segundo informações, muita das vezes o produto acaba antes do esperado.

A iguaria baiana, o Acarajé, é um bolinho de feijão-fradinho artesanal, temperado com cebola e sal, frito em azeite de dendê e depois recheado com vatapá (leite de coco, castanha de caju, amendoim e camarão), quiabo, vinagrete e camarão seco. Pode ser servido “quente” ou “frio”, com muita ou pouca pimenta. Mas, o segredo do sucesso da Tia Ilma não é só a receita que ela trouxe de sua família, e sim todo seu amor e simpatia que a baiana coloca nos preparos e nas vendas.

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Tia Ilma é baiana e aprendeu a receita com a mãe que ensinou ela e as irmãs a fazer o acarajé
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

“Eu trouxe essa receita de família. Minha mãe, minhas irmãs, todas fazemos acarajé. Na minha casa todos comem. Quando eu trouxe à Vila Cruzeiro em 31 de agosto de 2014, não trouxe só uma comida baiana. Trouxe minha história, minha dores e amores, a força da mulher baiana, minha ancestralidade. Eu não só vendo, mas quebro tabus. Ensinei jovens daqui a comer acarajé, quebrei esse preconceito com religiosidade. Nem toda baiana é Mãe de Santo. Os crentes daqui aprenderam a comer meu acarajé, e eu não me visto de branco, não sou de religião. Mas me visto sim, como uma rainha africana, respeitando minhas raízes e estou aqui há 7 anos fazendo o que eu amo”, comenta.

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Há 7 anos, a barraca da tia Ilma tem ponto fixo na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, e o Acarajé tem todos os ingredientes originais e frescos Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Engana-se quem acham a rotina da Ilma é tranquila. Todos os sábados, ela já começa cedo a preparar a massa e o recheio. Com ajuda dos seus filhos e a vizinha, leva tudo à feira e, a partir das 17h, já tem tudo pronto. Porém, isso não é garantia para que todos consigam experimentar. Pois, segundo a empreendedora, ao entardecer já tem uma fila enorme e muita das vezes a comida acaba antes do esperado.

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O bolinho para o Acarajé sendo preparado
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

“Na minha vida, me superei em diversos momentos. Passei por muitas coisas difíceis que me deixaram sem chão. Eu perdi dois filhos num intervalo muito curto e eu precisei ter forças para voltar a trabalhar. Vender acarajé é tradição da minha família, minha mãe que fazia acarajé. Eu herdei isso dela, então eu coloco todo esse sentimento de gratidão por esse lugar, por essas pessoas que me ajudaram a não parar, o carinho pelos meus clientes, e a alegria de poder oferecer o melhor acarajé, esse é o segredo da Baiana”.

Durante a semana, ela escolhe a dedo cada produto para o final de semana. “Meu dendê é original, nada que remeta a dendê. É dendê puro”. Cada detalhe da barra, tanto sua vestimenta, quanto a mesa dos clientes, tem um pouco da Bahia. As mesa são cobertas por toalhas com a estampa das fitas do Senhor do Bonfim.

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Até a toalha de mesa lembra o estado da Bahia com a estampa da mesa do Senhor de Bonfim.
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Para provar do tempero da Baiana, é só ir todos os sábados à feira da Vila Cruzeiro, que fica na Praça São Lucas, 168. Ela ainda não faz entrega, porém diz que seus planos para um futuro próximo é abrir sua segunda barraca mais próxima do Complexo do Alemão.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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