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Mães do Santa Marta falam sobre dificuldades em casa com filhos sem aulas

Ilustração: Douglas Lopes (@illustradoug)

Com o fechamento das escolas e creches públicas, na tentativa de evitar a propagação do novo coronavírus, muitas famílias estão passando por dificuldades por não terem local adequado para deixar seus filhos na hora de ir para o trabalho, tendo assim que contar com a ajuda de estranhos, parentes ou até mesmo abandonar o serviço para tomar conta das crianças. É o caso de Maria Keila de 40 anos, moradora do Santa Marta, comunidade da zona sul do Rio e mãe de Carlos, de 8 anos.

Maria Keila e o filho Carlos. Fotos: Arquivo pessoal

Maria é camelô e por não ter outra pessoa para cuidar da criança está sem trabalhar desde o início da pandemia. “Estou vivendo com os 600 reais do auxílio que graças a Deus consegui, porém não dá pra pagar todas as contas, e eu estou me planejando para voltar a trabalhar em breve, mas sem a escola funcionando eu ainda não sei com quem vou deixar o meu menino”.

As aulas através de plataformas virtuais que as escolas estão oferecendo é uma realidade que infelizmente não cabe a todos. Maria faz parte das centenas de famílias que não possuem computador em casa. Com a atual renda, também não sobra dinheiro para fazer a impressão das apostilas de atividades do filho. “Ele não está estudando, eu não tenho como pagar as impressões, o dinheiro não dá”.

Para trabalhar, Katia Paulino deixa os filhos menores com o mais velho. Foto: Arquivo pessoal

Na mesma comunidade vive Katia Paulino, de 41 anos, que é mãe solo de 3 crianças e sai para trabalhar como doméstica 3 vezes na semana. Nesses dias ela deixa o mais velho de 16 anos tomando conta dos mais novos e conta que sai com muita preocupação de deixá-los sozinhos. “Mesmo meu filho tendo de 16 anos como mãe eu me preocupo muito, saio de casa com o coração na mão, deixo tudo pronto para que eles não precisem mexer no fogão por exemplo, que morro de medo e realmente não confio. Fora que a qualquer momento pode sair um tiroteio e eu vou estar longe, mas preciso trabalhar.”, conta ela que atualmente vive com 1.042,00 reais para sustentar toda a família de 4 pessoas. 

A maioria das crianças das favelas do Rio fazia as refeições na escolas. Agora em casa, sem aulas, o orçamento das mães fica sobrecarregado. “Muda completamente os gastos, antes eles já chegavam em casa “almoçados” agora eles almoçam todos os dias em casa”, disse Kátia, que sente a diferença no bolso.

Mesmo causando esse problema para muitas famílias, é importante lembrar que a ação de fechar as creches e escolas é uma medida para conter o avanço do contágio do vírus e tentar evitar que os pequenos sejam contaminados com a doença.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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