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Infraestrutura e problemas de concentração afetam vestibulandos moradores de favelas

As inscrições do Enem 2020 começaram dia 11 deste mês, mesmo em meio à pandemia do coronavírus

Foto: Renato Moura / Voz das Comunidades

A pandemia afetou muitos estudantes que querem ingressar na universidade este ano, já que as aulas presenciais foram suspensas e afetaram o cronograma das instituições de ensino. Além disso, as aulas por plataformas digitais se tornaram frequentes, mas nem todos os estudantes têm acesso à internet ou equipamentos necessários para participar.

A notícia de que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 está mantido gerou polêmica, visto que o novo coronavírus também interferiu, dentre outras coisas, a data das Olimpíadas e até o maior vestibular do mundo, o ‘gaokao’, prova que é chinesa, e deveria ocorrer no início de junho. Entretanto, foi atrasada este ano, a fim de evitar a propagação da doença.

Além da disseminação do vírus ser um problema, no Brasil, como o calendário de estudos foi prejudicado, muitos professores e vestibulandos também se colocaram contra a manutenção da data da prova – lembrando que desde março as aulas presenciais foram suspensas -. Por isso, escolas e cursos tiveram que se reorganizar apressadamente para ministrar aulas à distância.

No entanto, alunos de classe média baixa, principalmente, tiveram problemas com as aulas em formato online, já que para participar é preciso ter internet de qualidade e equipamentos, como computador ou celular. Além disso, é preciso aprender a estudar em casa, sem o contato direto professor, aluno. 

Os alunos do Colégio Estadual Olga Benário Prestes, em Bonsucesso, estão tendo aulas pelo aplicativo “Sala de Aula” do Google, desde que o isolamento social passou a ser usado como medida de prevenção ao coronavírus. Porém, o novo formato das aulas não agradou aos estudantes. 

“Na minha turma ninguém se adaptou bem às aulas pelo aplicativo, não estamos aprendendo só em ler os conteúdos e eu acho esse novo sistema é injusto, já que tem gente que não tem computador, tem que estudar tudo só pelo celular”, afirmou a aluna do último ano, Eliza Silva, do C.E Olga Benário Prestes.

Excluídos

No UniFavela, pré-vestibular social da Maré, as aulas presenciais deixaram de ocorrer no final de março e só em abril os conteúdos passaram a ser enviados pela web. Contudo, a diretoria da instituição notou que não houve uma boa adesão às aulas virtuais pelos alunos. Desta maneira, uma pesquisa foi realizada para entender os motivos da baixa adesão e 32 alunos do projeto responderam ter dificuldade de continuar acessando os conteúdos, por motivos diversos, tais como: equipamento deficitário, internet de baixa qualidade e problemas como a falta de um lugar reservado em casa para estudar.

Já no pré vestibular Movimento de Educação Popular +Nós, que têm uma turma no Complexo do Alemão e outras ao redor do estado os professores tentaram dar aulas por lives, para que houvesse o mínimo de interação entre aluno e professor. Porém, a maior parte dos estudantes tinha dificuldade de acessar esses conteúdos, por precisar de internet de qualidade. Por isso, o pré-vestibular tem priorizado o envio de documentos, mesmo sabendo não ser o ideal. Para Maiara Oliveira, aluna do “+Nós”, a maior dificuldade tem sido não ter o espaço do curso para estudar, mesmo fora do horário de aula.

 “aqui em casa não tem um cômodo para ficar sozinha em silêncio, o que torna muito difícil eu conseguir  me concentrar.”

DICIONÁRIO:

Propagação Ato de tornar conhecido por um grande número de pessoas; divulgação.

Apressadamente De modo apressado; em que há pressa ou precipitação: ela precisava sair apressadamente.

Isolamento Ação ou efeito de isolar, de separar dos demais; separação.

Deficitário Cujo saldo é negativo; que contém ou pode provocar déficit: economia deficitária. Economia. O que falta para alcançar.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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