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Juntando R&B e Pop, Kamy Mona é uma artista da Maré que mostra as multifacetas da mulher favelada

A artista e atriz conta que a Maré é dona de todas as suas inspirações e revela que já invadiu o camarim da Pabllo Vittar
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Unhas stiletto, gloss, natureza e Pabllo Vittar. Isso é parte do que Kamyla Galdeano Pereira, de 27 anos, compartilha com a sua persona artística Kamy Mona – tipo Hannah Montana e Miley Stewart, mas sem o lance do segredo. A cantora e atriz da Nova Holanda, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro, traz em suas músicas autorais que a mesma classifica como ‘R&Pop’ (R&B com Pop) a liberdade de ser, mostrando as multifacetas da mulher favelada, que não cabem em um estereótipo.

Cria de crias da Nova Holanda (Katia Galdeano e Emmanuel Meneses), Kamy Mona fez questão de dizer que curtiu muito sua infância, correu, brincou e que a Maré é a dona de todas as suas inspirações, desde o cenário até a narrativa. “Tudo que eu tenho é a partir daqui, minhas maiores referências e as pessoas que me abraçaram. Parte da minha identidade é a Nova Holanda”, comentou. E também brincou: “Eu já morei em cada lugarzinho dessa Nova Holanda…”.

Kamy conta que começou escrevendo sobre suas vivências, mas que não queria cantar sobre violência e sofrimento. Ela queria falar sobre liberdade, já que sua arte era seu refúgio. Favelada, mas não somente; ela queria ser livre para explorar seus diversos lados. Pode ser a Kamy que bebe caipirinha de morango, amarula e beats no Parque União, favela vizinha da Nova Holanda. Ou pode ser a Kamy que vai para o meio do mato fugir do caos urbano. Ou então a Kamy que gosta de um luxo. E a Kamy que tá sempre fazendo seu corre, seja com a música ou como trancista, para se manter? Uma infinidade de possibilidades.

Kamy na Nova Holanda
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Agora, ela está imersa em sua música e sua persona artística. “Eu não tenho nenhuma ambição dessa forma com outra coisa agora. A minha ambição e foco completo é a música. Até porque, mona, já tô com 27 anos, entendeu? Se eu não botar a cara muito fundo no bagulho daqui a pouco eu não fiz nada… Então tenho que fazer agora! Tô me enfiando em tudo para aprender mesmo, para estar cada vez mais preparada em questão de mercado”, explica. 

Apesar de se inspirar musicalmente em Jorja Smith, Rihanna, Lady Gaga e principalmente Beyoncé, Kamy relembra que sua memória afetiva musical é muito ligada ao gênero do rock, como Guns N’ Roses e também nomes brasileiros como Lulu Santos e Marisa Monte. Mas a verdade é que Kamy é fã de carteirinha da Pabllo Vittar, inclusive já até invadiu o camarim da artista.

“Eu amo a Pabllo Vittar! Fui naquele festival Spanta Neném; daí fui parar no acesso artístico. Eu tava doidona! Passei pelo segurança e não sabia nem pra aonde eu tava indo. Entrei e a Pabllo tava lá! Aí ela: E aí, moninha! Gostou do show filha?'”, contou, imitando a voz da Pabllo que quem conhece, sabe!

Dando uma palinha de ‘Diamante’
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Quando pensa em carreira e ascensão, Kamy não hesita: “Eu quero ser feliz”. E desabafa que também quer dinheiro, porque não é hipócrita. Mas, para além disso, quando fala sobre suas letras, ela quer que sua música chegue nas pessoas. “Não em números, em mensagem”, explica.

A artista conta também que um de seus ‘featurings’ dos sonhos é com as gêmeas Tasha e Tracie, porque “além de serem porradona, elas são favela e têm conceito”. Outra curiosidade sobre Kamy é que os dois lugares que ela tem muita vontade de conhecer são a Bahia, no Nordeste do Brasil, e a Jamaica, no Caribe. “Eu gosto muito de praia e ambos têm uma cultura muito forte. Ah, e os States também gostar de ir bem montada para gastar”, pontua, brincalhona.

Kamy Mona já na pista tem um EP lançado em 2021, ‘Particularidade’, que conta com cinco faixas; uma delas com videoclipe. Além disso, ela irá lançar uma colab com a produtora musical LARINHX, ‘Me Garanto’, e mais um EP, ao lado de outros oito artistas que assim como ela fizeram parte do programa ‘Crias da Música’, uma pareceria da Sony Music Brasil com o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) e a Escola Música e Negócios (PUC-Rio).

Confira ‘Diamente’, o último clipe de Kamy Mona:

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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