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Ex-deputada Monica Francisco relembra a memória de Marielle Franco e seu legado para as favelas

"Pessoas pretas podem estar presente, principalmente mulheres negras", retrata Monica sobre a presença da Marielle Franco
Imagem: Reprodução

Monica Francisco é ex-deputada estadual do Estado do Rio de Janeiro. Nascida no Morro do Borel, Zona Norte do Rio de Janeiro em 1970, Monica é mulher preta, progressista que fez ecoar a voz das favelas no parlamento fluminense. Formada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), em sua trajetória se encontrou com Marielle Franco. Ambas, traçaram rumos de mãos dadas dentro do cenário político do Rio de Janeiro. Com a firmeza, coerencia e compreensão, enfrentaram juntas os mais divergentes casos.

Monica Francisco foi assessora de Marielle Franco durante seu mandato
(Foto: Jornal O Dia)

O assassinato de Marielle foi um impacto gigante para Monica, assim como a família da vereadora e os mais próximos de ambas. E com o passar o tempo, o que era ferida passou a ser uma marca, uma motivação, um legado. Um legado importante que Monica faz questão de traçar a trajetória de Marielle.

“O quanto foi importante a passagem dessa mulher negra, bissexual, mãe, socióloga e favelada. Uma mulher que entendia o lugar da política na construção de uma sociedade melhor principalmente pros seus. Uma mulher que é oriunda de pré-vestibular comunitário, que chega à universidade extremamente eletista. Pra falar sobre Marielle, a gente precisa desse contexto.”

Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados em 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro
(Imagem: Reprodução)

Monica detalha a chegada de Marielle ao parlamento, contando que ela imprimiu uma marca de suas raízes dentro dos corredores da grande política. Segundo ela, Marielle traz a representatividade de ocupação dos espaços. “Ela está ali provando que outras pessoas pretas podem estar presente, principalmente as mulheres negras”. Na sequencia, Monica retrata a formulação das políticas a partir de uma construção que vai ao encontro daqueles vivem uma rotina diária. “Políticas para aqueles que buscam uma cidadania plena, em prol da democracia. Políticas para que a gente pudesse ir e vir sem ter medo de morrer por bala perdida, de morrer sem atendimento de saúde, morrer no parto no caso das mulheres negras. Então para a cidade do Rio de Janeiro foi um marco ter uma mulher negra como a quinta vereadora mais votada do Brasil em 2016.”

Ela relata que o legado de Marielle Franco é aquele que traz para o centro da evidencia social as mulheres negras qualificadas e adiciona “Quando eu falo ‘qualificada’ não é só porque ela teve acesso à universidade. Mesmo aquelas que não acessaram a universidade a sua trajetória produz uma estratégia de vivencia e sobrevivencia que dá base à essa mulher de ter a capacidade de produzir política no seu cotidiano e território. Então o legado de Marielle é do da representatividade, a capacidade intelectual de criar políticas para aqueles que necessitam.”

Sobre Anielle Franco, a atual ministra do Ministério da Igualdade Racial e irmã de Marielle, Monica detalha que ela é um símbolo identificado pela irmã assassinada. “Eu percebo que foi uma redescoberta da Marielle por parte da sua família e da sua irmã. Redescobrir a figura que muita gente já conhecia. Não que elas não soubessem, mas é bem interessante.” Como ativista dos direitos humanos, Monica faz um paralelo com uma situação pessoal com o seu marido, logo depois do assassinato de Marielle. “Durante as manifestações, naquele tempo que estávamos gritando por justiça, indo a todas as ações, ele falou ‘agora eu entendo o que você faz’. Então a gente acha que a nossa família entende quando a gente é ativista, quando a gente é militante. Mas não, há um redescobrimento. Então acho que na família da Marielle foi a mesma coisa, um redescobrimento desta figura (Anielle). E ali, ela deixa de ser só irmã de Marielle, para se tornar um referencial. As meninas se inspiram nela, estudantes se inspiram nela, pessoas de comunidade se inspiram nela e isso é muito emblemático.”


Meia década sem respostas

O assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, motorista da parlamentar, chegou aos 5 anos. Para relembrar o caso, a memória e o legado, o Instituto Marielle Franco promove o festival “Março por Marielle e Anderson – 5 anos sem respostas”.

O dia 14 de março será marcado por uma programação que começou às 10h e vai até às 23h. A maioria das atividades ocorrerá no Museu de Arte do Rio, no Centro do Rio de Janeiro. E a entrada é gratuita.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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