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Seis escolas de samba de comunidades cariocas desfilam no último dia da Série Prata

Da Zona Norte à Zona Sul, do Dendê ao PPG, as agremiações desfilaram nesta sexta-feira (16)

No segundo e último dia de desfiles da Série Prata, das 15 escolas de samba que passaram pela Estrada Intendente Magalhães, seis representaram diferentes favelas cariocas. Da Zona Norte à Zona Sul, do Dendê ao PPG, as agremiações desfilaram nesta sexta-feira (16), entregando lindos enredos, muita paixão pelo samba e alguns desafios. Duas escolas da Série Prata irão subir para a Série Ouro e desfilar na Sapucaí em 2025. 

Confira quais foram as seis escolas 

  • Independentes de Olaria

Amadrinhada pela Imperatriz Leopoldinense, a Independentes de Olaria também representa muitos moradores dos Complexos do Alemão e Penha. Neste ano, o enredo da azul e branca é “Ao som do Chorinho – Vou sorrir… Serei Feliz, bem feliz”, em que conta a história do choro, gênero da música preta brasileira surgido no Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX. Com duas alegorias, a Olaria tem como abre-alas um carro sobre o lundu e fecha com o trem do choro. O desfile seguiu normalmente e levantou o público da avenida.

Camarão Netto é diretor de Carnaval da Independentes de Olaria
Foto: Vilma ribeiro / Voz das Comunidades

Diretor de Carnaval da escola, Camarão Netto explica que a Olaria apresenta um pouco da história do chorinho. “Tendo como fio condutor o pai do chorinho, que chama-se Pixinguinha. Vamos trazer um pouco da influência do chorinho desde o início, inspirado pelo lundu, a dança lundu. Vai ter toda aquela passagem do Rio em Paris, que os Oito Batutas fizeram um tremendo sucesso, até chegar ao trem do choro, que é tradição e existe até hoje”, desenvolve.

  • Lins Imperial

A escola do Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio, vai homenagear Jovelina Pérola Negra. Assim como sua madrinha Mangueira, que homenageou Alcione, a verde e rosa do Lins decidiu celebrar mais uma voz negra feminina que marcou a história da música brasileira. O enredo “Jovelina, A pérola negra do samba!” canta o orgulho do povo preto e levou ancestralidade para a Intendente. Mas, infelizmente, um dos carros alegóricos – o que representava a homenageada – perdeu a direção e teve que ser rebocado. A escola não finalizou seu desfile, que, até o então momento, seguia encantando o público. 

Seu primeiro ano como mestre de bateria da escola, Anderson Leonardo, agora conhecido como Mestre Bradock, conheceu a figura de Jovelina por sua família. Seu avô Bira Haway chegou a tocar com a artista. “Um dos maiores produtores. Pude aprender muita coisa sobre samba. Jovelina pra mim é a voz do povo preto, como diz nosso samba-enredo”, se orgulha. “Tô fazendo um trabalho de coração aberto e linko a bateria com informações de samba e trazendo o ‘Boogie-woogie da favela’, que é uma música dela. A gente faz um power funk. A nossa bateria tá vindo fazer algo bem diferente.”

Esquerda para a direita: Mestre de bateria, Bradock, e presidente de bateria, Adílio
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Ele estava ao lado do Mestre Adílio Cunha, que voltou esse ano como presidente de bateria. ”São 25 anos de bateria Verdadeira Furiosa. 17 como mestre. estar aqui hoje é gratificante, consegui botar a escola na Sapucaí com nota máxima mas não segui na escola, em 2020”, contou. 

  • alegria da zona sul

A escola Alegria da Zona Sul, da comunidade Pavão Pavãozinho e Cantagalo, foi a 11° a desfilar na Intendente, trazendo “kizombar” na passarela, transformando-se em um quilombo festivo que leva “Alegria” para celebrar com seu povo. O enredo que já ecoou pelas ruas do Rio, foi novamente entoado “Foi no Quilombo a consagração, Liberdade, um grito forte ecoou”.

Sua escola-madrinha é o Salgueiro, surgiu da fusão dos blocos de enredo Alegria de Copacabana e Unidos do Cantagalo. E tem como característica a valorização da negritude em seus enredos.

O desfile seguiu tranquilamente sem problemas técnicos durante o seu percurso, com o público fiel alegremente do início ao fim.

Um dos diretores da escola, Maurício Dias, “Nessa edição trazemos festa no quilombo, e vamos contar todas as manifestações de dança afro brasileira a partir da visão de Ganga Zumba”

Morro do Andaraí

A Escola de Samba Flor de Mina do Andaraí, nascida em 1962,este ano trouxe o enredo “Renascer Clube-Quilombo urbano da resistência negra”. Unindo dois Quilombos Urbanos numa passarela, semelhando a um só Andaraí, do morro e do asfalto, de Negros e Negras que valem mais que “ouro”. 

A agremiação que tem como escola madrinha o Salgueiro, surgiu do bloco Flor da Mina que foi 4 vezes campeão do Grupo A dos blocos. Após sua fundação, a escola conquistou 5 títulos em grupos de acesso do carnaval carioca.

Com suas fantasias coloridas que vislumbravam a avenida, a escola seguiu sem nenhum problema técnico.

Completando oito anos como rainha de bateria hoje, Joyce Elias, 36 anos, estava radiante com sua fantasia brilhosa. Ela comentou que a escola veio para falar sobre a resistência negra, mostrando a cultura do seu povo.

  • Unidos do Jacarezinho

A escola de Samba Unidos do Jacarezinho foi a 15° desfilar na Intendente. Com suas cores: rosa, branco e verde e seu símbolo “Jacaré Malandro” bem marcante. Seu enredo “Na fé dos Padroeiros o Rio pede paz” tem o intuito de levar para avenida uma mensagem de tolerância, respeito e paz.

Na avenida trouxe sua comunidade com muito samba no pé, e energia contagiante, emocionando o público com seu carisma. A escola seguiu o desfile sem nenhum problema técnico.

A agremiação tem a Mangueira como escola madrinha, tem seu surgimento da união de duas escolas de samba, Unidos do Morro Azul e Unidos do Jacaré e o bloco não tem mosquito.

O Mestre de Cerimonia do casal porta bandeira, Serginho Sorriso, 31 anos, desfila desde 2004 “Primeira vez que estou com o pavilhão na minha mão, estou muito feliz. Hoje a escola trás São Sebastião e São Jorge, dois padroeiros guerreiros do nosso Brasil”

  • Academicos do Dênde

Acadêmicos do Dendê foi a ultima escola a desfilar neste sábado (17), enquanto o sol raiava. Com suas cores azul e branco e seu símbolo: pomba branca voando sobre a comunidade, a escola do Morro do Dendê, junto com seu povo trouxe o enredo “Na beleza das flores e no brilho das cores, mulheres guerreiras do nosso Brasil”.

Na avenida colorida e suas fantasias radiante, fez sua passagem tranquilamente sem nenhum problema técnico durante o percurso. Tendo a Vila Isabel como escola madrinha , o Acadêmicos do Dendê surgiu da união dos blocos Canarinhos e Falange na década de 90.

Enaltecendo a importância das mulheres, com sua passagem alegre, cheia de beleza e riqueza cultural. Uma das passistas disse que foi sua primeira vez desfilando na escola “Estamos trazendo a beleza da mulher de diversas formas, está lindo demais. Esta aqui hoje é muito gratificante”.

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Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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