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Estudo revela que moradores de favela perdem 7,5 dias de trabalho devido conflitos envolvendo policiais

Complexos da Penha e Manguinhos, ambos da Zona Norte do Rio de Janeiro, foram as comunidades escolhidas para levantar dados da pesquisa
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Uma pesquisa recente intitulada “Favelas na Mira do Tiro: Impactos da Guerra às Drogas na Economia dos Territórios”, realizada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), revelou as profundas consequências econômicas e sociais nas favelas do Rio de Janeiro. O estudo concentrou-se em duas das principais comunidades do Rio, o Complexo da Penha e o de Manguinhos, ambas localizadas na Zona Norte da cidade. Os resultados destacam como os moradores dessas áreas enfrentam perdas financeiras significativas e desafios cotidianos devido às frequentes operações policiais.

Prejuízos Financeiros Expressivos

Segundo a pesquisa, os moradores desses complexos de favelas perderam, em média, 7,5 dias de trabalho ao ano devido às ações policiais, o que se traduz em uma perda de impressionantes R$ 9,4 milhões anualmente. Esse impacto financeiro resulta da interrupção das atividades remuneradas de quase 61% dos residentes que souberam de uma ou mais operações policiais na região. O estudo também apontou que os prejuízos não se limitam ao campo financeiro. Os danos materiais causados pelas ações da polícia representam uma carga adicional para os moradores das favelas. O custo estimado para reparar bens danificados, como estruturas de casas atingidas por tiros, janelas quebradas e portas arrombadas, chega a R$ 4,7 milhões anualmente nos dois complexos de favelas estudados. Apenas para consertar danos às estruturas das residências, estima-se um custo de R$ 1,1 milhão.

Localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, Complexo da Penha é composto por 13 favelas
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Impactos nos Serviços Básicos

Além das perdas financeiras e dos danos materiais, a pesquisa demonstrou que as ações policiais frequentes afetam gravemente o acesso a serviços essenciais. Nos 12 meses anteriores à pesquisa, 44,9% dos moradores ficaram sem energia elétrica, 32,1% sem internet e 17,3% sem água devido às operações policiais. Essas interrupções, por vezes prolongadas, causam transtornos significativos, incluindo a deterioração de alimentos e a interrupção de tratamentos médicos de pessoas com necessidades especiais. Além dos danos materiais e financeiros, as operações policiais também têm impactos sociais profundos nas comunidades estudadas. Cerca de 56,6% dos moradores ficaram impedidos de usar o transporte público, 42,8% não puderam desfrutar de atividades de lazer, 33,3% não receberam encomendas, 32,3% perderam consultas médicas e 26% tiveram suas atividades educacionais interrompidas. Essas interrupções afetam profundamente a qualidade de vida e o acesso a oportunidades para os residentes das favelas. O Voz das Comunidades realiza a consulta com serviços públicos essenciais quando ocorre operações policiais nas favelas. Setores de educação e saúde são os mais afetados.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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