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‘Eu quero mais que só sobreviver’: LabJaca lança relatório de estudo sobre masculinidades negras periféricas

Pesquisa mergulhou no universo de nove jovens moradores das favelas do Jacarezinho e de Manguinhos, com idades entre 16 e 29 anos, que se identificam racialmente como pretos ou pardos
Arte: Andy Pereira / LabJaca
Arte: Andy Pereira / LabJaca

É fácil descrever como homens negros e favelados são vistos socialmente, mas você já se perguntou como esses indivíduos enxergam o mundo? O LabJaca apresenta um estudo pioneiro que lança luz sobre as experiências e perspectivas desses jovens. A pesquisa, intitulada ‘Eu quero mais que só sobreviver’, mergulhou no universo de nove jovens moradores das favelas do Jacarezinho e de Manguinhos, Zona Norte do Rio de Janeiro, com idades entre 16 e 29 anos, que se identificam racialmente como pretos ou pardos.

Neste estudo, o LabJaca buscou compreender de que maneiras a exposição contínua a diferentes marcadores de marginalização social afetaram as trajetórias desses jovens, identificando proximidades entre os diferentes perfis entrevistados. A pesquisa teve como objetivo abranger a maior diversidade possível de experiências e perfis, incluindo recortes de gênero, raça, idade, moradia, sexualidade, composições familiares, religiões, escolaridades e profissões.

Principais Descobertas

Impacto da Violência na Infância: A violência tornou-se parte central das principais memórias de infância desses jovens, misturando-se às brincadeiras, amigos, escola e família.

Mães e Avós como Principais Referências: As mães e avós dos entrevistados aparecem frequentemente como suas principais referências, devido aos esforços que fazem para manter suas famílias, tanto material quanto afetivamente.

Responsabilidade com o Coletivo: Conviver com a materialização das desigualdades sociais desde a infância faz com que esses jovens sintam-se responsáveis por reverter as faltas vividas por suas famílias e comunidades. Seus sonhos e projetos de futuro envolvem melhorar as condições de vida para seus familiares ou desenvolver projetos voltados para suas favelas.

Invisibilidade dos Territórios Periféricos: Os entrevistados indicaram que a falta de investimento nas favelas invisibiliza seu potencial, mesmo para aqueles que vivem nelas. Eles acreditam que recursos para melhorar as condições de vida estão disponíveis fora das favelas.

Postura Defensiva e de Suspeita: Todos os entrevistados relataram uma postura permanentemente defensiva e suspeita em relação às pessoas ao seu redor, mesmo aquelas próximas a eles. Isso parece estar relacionado à maneira como sentem que o mundo lida com eles.

Dificuldade em Expressar Emoções: Muitos entrevistados têm dificuldade em falar sobre seus sentimentos e problemas com outras pessoas, e até mesmo em expressar emoções, como chorar. No entanto, encontram maneiras alternativas de canalizar suas emoções, como dança, escrita, rap, esporte e religião.

Perspectivas Divergentes sobre o Futuro: Para alguns entrevistados, pensar no futuro é angustiante e evitado, enquanto para outros, é a principal forma de projetar uma realidade diferente e mais feliz. Em ambos os casos, as visões sobre o futuro estão ligadas a um distanciamento das circunstâncias já vividas.

Relatório completo

Abaixo, o relatório completo, que oferece uma visão profunda das experiências e aspirações dos jovens negros das favelas de Jacarezinho e Manguinhos, no Rio de Janeiro, mas também oferece insumos para pensar esse perfil em todo o Brasil, com suas diferenças e similaridades regionais.

Link para o Relatório Completo da Pesquisa ‘Eu quero mais que só sobreviver’: https://bit.ly/3sEiZHn 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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