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Teleférico do Alemão segue sem data de retorno às atividades

Ainda não há resposta concreta a respeito da finalização e retorno do funcionamento do serviço à comunidade
Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades

Com o início de um novo ano, visando começar esse novo com o pé direito nas boas novas, a equipe do Voz das Comunidades foi até uma das estações do Teleférico, que tinha como previsão de retorno para o mês de dezembro de 2023, para conversar com os moradores e entender quais são os impactos que a ausência do serviço do teleférico tem causado na comunidade ainda. 

O serviço, que é primordial para a garantia de acesso às comunidades que compõem o complexo de favelas do Alemão, está suspenso desde setembro de 2016. Ou seja, 7 anos, como comunicamos anteriormente por aqui. Alguns moradores acreditam que é o caso de uma novela sem fim e pouco confiam no retorno, já que o Governo do Estado só trabalhou com promessas. 

Foi o caso do Carlos, que estava ao lado da estação do Alemão, sentado e com os olhos curiosos para entender o que a nossa equipe estava fazendo ali, aproveitamos para iniciar um bate-papo sobre quais eram os benefícios que o teleférico trazia para a comunidade e sobre o que ele esperava para o próximo ano.

“Era um serviço que ajudava muitas pessoas, era muito mais fácil para se locomover. Sem contar na economia, uma vez que para moradores era um serviço gratuito. A população segue aguardando a confirmação de quando irá voltar a funcionar para termos uma facilidade na locomoção novamente. Eu confesso que acredito que não volta nem tão cedo.” desabafou Carlos Roberto, 50 anos, bombeiro hidráulico. 

Moradores iniciam um novo ano com a incerteza do serviço e ansiosos pela resolução do problema
Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades

Desbravando um pouco mais a região, encontramos duas senhoras sentadas em frente ao o fluxo de visitantes novamente dentro do Alemão. “Eu não tinha o hábito de utilizar o teleférico em si, por medo mesmo, mas sinto muita falta do público que circulava por aqui, afinal, eu tenho um bar e as vendas com as visitações “Bar da Emília” na Avenida Central. Contamos sobre a previsão de retorno das atividades do teleférico e nos deparamos com duas figuras que não veem a hora de poder presenciar dos turistas eram muito boas. Sem contar que quando funcionava, era tudo mais fácil. A minha neta morava aqui comigo e pegava ali do lado a condução para a sua faculdade.” conta a Emília da Silva, 63 anos.

Os relatos dos moradores que conversamos são em sua maioria voltados sobre como o serviço impactava positivamente na vida e no cotidiano de quem dependia dele para acessar a universidade, médico e trabalho. “Quando ele funcionava, era muito bom para mim. Eu trabalhava longe, mas era com ele que eu conseguia chegar com mais tranquilidade no meu trabalho na Barra da Tijuca, por exemplo. Quando o serviço parou, foi muito ruim em todos os sentidos. Não estou falando somente sobre mim, estou falando sobre todo mundo que mora aqui e segue aguardando esse retorno” complementou Francina Ribeiro, 65 anos, aposentada. 

Comerciante na localidade, Dona Emília e sua amiga Francina Ribeiro sentem saudade do turismo na comunidade e da facilidade de acesso a parte mais alta da favela
Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades

Em agosto de 2023, o Teleférico do Alemão estampou a capa da edição especial do jornal impresso do Voz das Comunidades, o que foi motivo de grande repercussão em diversas mídias. Na época, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Cidades (SEIC) informou que a obra estava 89% pronta e que faltavam poucos detalhes. Ainda segundo o órgão, foram realizados reparos nos sistemas elétricos, de iluminação e controle, instalações mecânicas e outros acabamentos.

A equipe do Voz das Comunidades procurou novamente a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras Públicas para entender se já há uma confirmação sobre o retorno das atividades do teleférico. Por nota, informaram que o investimento atual na reforma das seis estações do Teleférico do Alemão, que se encontra em fase de “finalização”, é de R$ 24,5 milhões. Esse valor corresponde às obras civis de recuperação dos imóveis com previsão de término para o mês de abril deste ano. Segundo a secretaria, os próximos passos são a modernização do sistema e a licitação para a compra do cabo que sustenta as 152 gôndolas. E também a compra de equipamentos da fabricante POMA para a recuperação dos sistemas eletromecânicos das seis estações e a contratação do serviço de instalação dos equipamentos, num investimento de cerca de R$ 150 milhões.

O compromisso com um calendário de entregas efetivas parece ser facultativo para o Estado, uma vez que não recebemos a confirmação de uma data definitiva para o retorno do teleférico. Com isso, acreditar que o serviço está prestes a retornar tem se tornado cada vez menos possível para aqueles que esperam diariamente o retorno das atividades. A equipe do Voz das Comunidades continuará a assistir a essa novela, até que ela tenha finalmente um fim.

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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