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OPINIÃO | A importância da presença da favela nos movimentos sociais e debates da sociedade brasileira

Foto: Tomaz Silva — ABr.

ARTIGO DE OPINIÃO

As favelas do Rio de Janeiro tem uma extensa história de resistência desde a sua origem durante o fim do século XIX (19), devido a Guerra de Canudos (1896–1897), passando por outros fatores históricos (como a ditadura militar de 1964 e a redemocratização a partir de 1985) até chegar aos dias atuais. As consequências desses acontecimentos fizeram com que a maioria dos habitantes desses espaços resistissem e lutassem pelos seus direitos mas, hoje, devido ao retrocesso nos avanços da democracia, a criminalização da pobreza e a forma de abordagem feita de forma com que o importante é “combater inimigos internos” para ocupar “territórios hostis” que “criam” criminosos, essa luta é afetada diariamente. O que falta para o Gigante acordar ainda mais dentro dessas áreas diante disso?

Uma favela que canta, que sofre e que vive mas que nunca morre, segundo Matheus de Araújo, poeta do Complexo da Maré no Rio de Janeiro. Sempre ligada a falta de poder do Estado dentro desses espaços de forma comunitária e a falta de oportunidades de desenvolvimento, a favela se reinventa todos os dias da forma como pode e diante de vários obstáculos sociais, raciais, políticos e econômicos. Ao longo dos anos, os moradores procuram veicular a verdadeira favela que está por trás da elevação da taxa de violências (que se inserem devido a outros fatores sérios), que acaba se expandindo para todo o Estado através de várias dinâmicas violentas e criando um esteriótipo de que a favela é lugar de marginal, vagabundo, sem futuro e analfabetos funcionais, divulgado massivamente nas grandes mídias de comunicação. Devido a isso, a maioria das pessoas se deixam levar pelas falas alheias de fora da favela, são desmotivadas e se prendem a hipocrisia de não saber a importância da sua fala em assuntos sérios ou de não se interessar a ter um conhecimento básico sobre eles.

Se tratando de direitos (que já deveriam ser assegurados), lutar por eles diante de um mar de injustiças é uma forma de deixar essa cultura de que não somos importantes de lado e garantir a própria existência através de reivindicações políticas, sociais, civis, etc. E a manutenção de direitos e deveres, pois o desconhecimento deles leva a negação da própria realidade e interfere na formação de cidadãos mais conscientes. A resistência por trás dos movimentos sociais, políticos e culturais na favela mostra que reconhecer-la é identificar seus problemas, afim de procurar soluções efetivas, exercer a cidadania na prática e fortalecer as instituições públicas porque elas estão falhas.

Deste modo, as pessoas precisam se disciplinar e compreender a sua responsabilidade sobre o ambiente pois as pessoas devem ser o reflexo do que querem ver. Participar de debates, seminários e movimentos sociais ligados ao território onde reside e sobre políticas públicas é apenas o primeiro de muitos passos a serem dados, afinal “a política é o reflexo do cidadão ou o cidadão é o reflexo da política?”. Se conscientizar é valorizar as linhas de comunicação e desenvolvimento já existentes, seja ligado a economia local, cultura, projetos sociais e outros. Sendo empreendedores, poetas, fotógrafas, professores, escritores, músicos, etc. Ou lutando por melhorias de outras formas, todos são capazes de mudar o espaço onde vivem da melhor forma possível usando o que dentro de si para serem influenciados positivamente, as ferramentas que estão a sua volta e sendo a luz no fim do túnel para alguém, empoderando novos sonhos e novos caminhos a serem trilhados.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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