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O Clima na Favela: Complexo do Alemão pode se tornar um observatório climático em 2024

Voz das Comunidades entrará como parceiro no estudo, junto com especialistas locais para desenvolvimento de ferramentas para mitigação de ações relacionadas às mudanças climáticas na favela
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

No dia 15 de janeiro, Gabriela Santos, diretora do Voz das Comunidades, se reuniu com Tainá de Paula, secretaria do meio ambiente e clima da Prefeitura do Rio de Janeiro para conversar sobre o estabelecimento de um observatório de calor no Complexo do Alemão. O objetivo é para monitorar e analisar as condições climáticas que atuam na região. O estudo contará com a participação de outras instituições.

Com resultados de estudos, será possível criar estratégias de mitigação e promovendo ações climáticas. Sob a coordenação da Secretaria de Meio Ambiente e Clima, o Voz das Comunidades entraria como parceiro institucional na ação, que também visa reunir especialistas locais. A estratégia busca visibilidade de em grandes eventos que discutem o clima, como o G20, que ocorre este ano no Rio de Janeiro e futuras COPs.

Tainá de Paula, Secretária de Meio Ambiente e Clima da Prefeitura do Rio de Janeiro (esq.) recebeu Gabriela Santos, diretora do Voz das Comunidades pra falar sobre os impactos climáticos na favela.
Foto: Reprodução

Entre as etapas do processo, estão Análise Climática que visa identificar áreas vulneráveis às ondas de calor no Complexo do Alemão, sobretudo na Serra da Misericórdia e padrões de vento marial e terral e Criação do Observatório de Calor que objetiva estabelecer uma parceria formal com a universidade local para coordenar e conduzir a pesquisa, convidando especialistas locais.

“Um observatório de calor localizado numa das já sabidas maiores ilhas de calor do Rio vai nos ajudar a ter mais instrumentos pra combater o desconforto climático”, diz Tainá de Paula

A Secretária de Meio Ambiente e Clima da Prefeitura do Rio de Janeiro, Tainá de Souza, comenta que o projeto funcionará como uma grande ferramenta de cruzamento de dados de outros setores, conseguindo estabelecer áreas de ação. “Poderemos saber quais são as áreas e quais são as pessoas que estão sofrendo com o calor excessivo. Poderemos saber quais áreas e ações que podemos atuar para atuar de ações de controle e mitigação”. A secretária explica que a mitigação é a principal atividade de minimizar os danos causados pelas mudanças climáticas. “As mudanças climáticas ainda estarão ocorrendo. Não temos como alterar a temperatura do planeta. Mas é importante que construamos uma agenda de minimização dos efeitos dos gases do efeito estufa e aumento de temperatura”. Como exemplo, Tainá cita estratégias de arborização, melhor urbanização das cidades, casas com circulação de ar e áreas verdes dentro das favelas.

Tainá de Paula está à frente da Secretaria de Meio Ambiente e Clima da Prefeitura do Rio de Janeiro e visa promoção de alternativas tecnológicas e sustentáveis para ambientes urbanos, sobretudo as favelas do Rio de Janeiro
Foto: Arquivo Pessoal

“A gente precisa colocar a favela no contexto de inovação”

A reunião do G20 é em novembro e a Tainá vê como uma grande oportunidade fazer com que os países vejam a necessidade de investimentos internacionais em estratégias diante das mudanças climáticas para o Rio de Janeiro. “No G20, vamos apresentar o balanço tanto de nossas emissões quanto de nossas ações para a minimização dos impactos das mudanças climáticas aqui no Rio de Janeiro. Nossa meta, até o G20, são estabelecer e realizar ações, mas também precisamos de recursos, já que não conseguimos fazer essas ações sozinhos. Então a nossa ideia é que o Rio de Janeiro, principalmente a Secretaria de Meio Ambiente e Clima seja uma das maiores interlocutoras da necessidade de nós falarmos do financiamento climático.

O meio ambiente no Plano de Ação Popular do CPX

Construído a partir de perspectivas de moradores das favelas do Complexo do Alemão, o Plano de Ação Popular do CPX é um documento que reúne uma série de demandas da comunidade que podem se transformar em políticas públicas. A agenda aborda as particularidades do Complexo do Alemão, incorporando elementos concebidos de maneira colaborativa com outras favelas, visando interesses sociais de abrangência ainda mais ampla.

O meio ambiente é um dos temas tratados pelo Plano de Ação Popular do CPX. Apresentando o tema, o documento destaca que a necessidade que de a favela precisa de um ambiente seguro, limpo, agradável e sustentável. O documento também detalha uma pesquisa realizada com os moradores sobre o meio ambiente dentro do cenário. Dos que responderam à pesquisa, 93% disseram que os rios do bairro são sujos e poluídos. Para 38%, a Aparu da Serra da Misericórdia (uma grande área verde no Complexo do Alemão) não é preservada.

Para Alan Brum, professor e coordenador do Plano de Ação Popular do CPX, existe a necessidade do desenvolvimento de ações relacionadas às mudanças climáticas que funcionem de forma efetiva dentro das favelas.

Alan Brum é um dos organizadores do Plano de Ação Popular do CPX Foto: IBGE

“As favelas são os locais são os lugares com os maiores impactos porque envolvem uma questão econômica na ocupação destes espaços, a falta de políticas públicas, etc. O Plano de Ação Popular propõe e pode possibilitar mudanças estratégicas e significativas para os espaços periféricos”.

“O Plano de Ação Popular já tem articulado várias ações na área ambiental”, diz Alan Brum

Alan ressalta que atividades já estão em andamento a partir do plano de ação na perspectiva do meio ambiente. Ele destaca a rede de hortas comunitárias do CPX. “São cinco organizações que já tem desenvolvido a produção de alimento saudável, sem agrotóxicos, a partir da agroecologia urbana. E também já está andamento a ampliação deste trabalho.” Ele revela que a Pedra do Sapo, no Complexo do Alemão, receberá uma horta comunitária em um terreno liberado pela Light e que a construção será em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente e Clima da Prefeitura do Rio de Janeiro. O Centro de Educação Multiprofissional (CEM), no Complexo da Penha, também receberá uma horta comunitária. “Além da redes de hortas, também temos o trabalho de fortalecimento de produção ambiental e coleta seletiva de resíduos sólidos. Este trabalho está em estágio avançado de implementação e é um trabalho colaborativo com Secretaria de Meio Ambiente e Clima, Ministério da Justiça e o Ministério da Igualdade Racial”.

As ações dos impactos das mudanças climáticas seguem firme entre instituições e prefeituras do Rio de Janeiro. O Instituto Raízes em Movimento integra as atuações através da Intervenção Integrada Urbana Socioambiental e Climática dentro do Complexo do Alemão, especificamente na Travessa Laurinda. O estudo reúne dados e ações do que está sendo realizado, além do que ainda pode ser feito na favela. O documento completo pode ser acessado no link abaixo. O Plano de Ação Popular do CPX também está disponível para consulta.

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Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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