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Série de fotos “Mães de Favela” homenageia mães de LGBTQIA+ do Complexo da Maré

Matheus Affonso começou a série fotográfica em 2019 e busca retratar o amor de uma mãe favelada.
Foto: Matheus Affonso
Foto: Matheus Affonso

Existem mães que dizem: dia das mãe é todo dia. Já outras adoram receber os mimos e serem lembradas em um dia dedicado somente a elas.Mas ser homenageada, fotografada e, acima de tudo, estar ao lado dos filhos, quando o mundo pode muitas vezes virar as costas é para poucas. E é essa a missão de Matheus Affonso, fotógrafo morador do Complexo da Maré. Matheus, neste ano, fez uma linda série fotográfica com as mães e os filhos LGBTQIA+. 

“A série nasceu em 2019 com a proposta de retratar o amor de uma mãe favelada”, revela Matheus Affonso. Com os filhos, os registros dessas mulheres são feitos no portão de casa. Ao todo, mais de 30 mães já passaram pelas lentes do fotógrafo e, neste ano, foram feitos 14 fotografias cercadas de amor e acolhimento, como toda boa relação entre familiares deve ser. “Homenagear mães de LGBTQIA+ da Maré, para mim, é exaltar a luta cotidiana de mães que escolhem acolher, proteger e não abandonar. Homenagear essas mães é escancarar para o mundo e, acima de tudo, para os territórios de favela e periferia, que a “família” é o primeiro espaço social de rejeição desses corpos”, explica Matheus. 

No processo de edição das imagens, Matheus recorda de um momento que marcou o seu trabalho. Quando pediu para que uma mãe e um filho se abraçassem, a troca de olhares virou uma expressão pura de amor. “Eles estavam um do lado do outro apenas e a mãe olhou para o filho com um olhar de susto e ele disse ‘É mãe, pode me abraçar, me amar, me beijar!’,  exatamente com essas palavras!” Ali, o artista relata que o cuidado e a preocupação das mães com os filhos, roubam, muitas vezes, até a espontaneidade de uma foto e o contato do afeto. 

Foto: Matheus Affonso

Mas o jovem fotógrafo não poderia deixar de lembrar da sua infância. Com cerca de oito anos, enquanto brincava com o irmão, um primo e uma amiga, ouviu a mãe, Claudia Affonso, responder a um questionamento cercado de preconceitos. “Você deixa seus filhos brincarem de casinha? Prontamente, a mulher disse que “Meus filhos brincam do que eles quiserem”. Segundo o jovem, Cláudia já sabia que ele era uma criança LGBTQIA+, apesar de Matheus ainda não ter entendimento sobre a sexualidade. “Eu soube que o amor que ela tinha por nós dois, filhos gêmeos LGBTQIA+ era maior que qualquer violência que íamos enfrentar dali em diante.” ressaltou. 

Foto: Matheus Affonso

E usando a sua percepção de mundo, o artista visa resgatar, não somente as memórias pessoais, mas também as do território da Maré, onde as mães não poderiam ficar de fora. “Hoje a fotografia para mim representa um espaço de resgate de narrativas e memórias, um lugar onde construo a minha arte, a partir do meu território, o lugar onde me afirmo quanto um fotografo LGBTQIA+ que pauta não só esses corpos, mas outras narrativas que me atravessam e me fazem mergulhar nas memórias da Maré quanto um favelado que pulsa arte e respira resistência”, completa Matheus. 

Para ver mais fotos da série é só acessar o Instagram do fotógrafo @affonsodalua

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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