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No Vidigal também tem um pouco de Havaí

Iniciativa de Canoa Havaiana pode abrir caminho para formação profissional para moradores de comunidade
Bruno Torquato vê na canoagem a possibilidade de um futuro melhor para os crias da favela Foto: Igor Albuquerque / Voz das Comunidades

A canoa havaiana é uma modalidade esportiva bastante comum em muitas regiões do mundo. Além de ser um esporte de competição, é uma atividade que também pode ser recreativa, garantindo muitos benefícios ao corpo e à mente. Essa modalidade esportiva está sendo introduzida com muito sucesso na comunidade do Vidigal e tem potencial para se tornar um caminho rumo a um futuro melhor para os crias da favela.

Sem dúvida, a canoagem é uma ótima maneira de desfrutar de paisagens naturais, enquanto se faz exercícios, e aprender mais sobre a cultura havaiana antiga. A canoa havaiana ganha cada vez mais adeptos e vem crescendo a cada dia. Depois do Stand-up Paddle tomar conta das praias do Rio de Janeiro, agora a canoa havaiana está ganhando espaço, sendo um dos esportes aquáticos mais procurados na cidade.

A cultura da canoa existe há mais de 3 mil anos e as canoas foram inicialmente usadas pelos povos polinésios com a necessidade de colonizar novas terras na região Polinésia, que é um conjunto de ilhas no Oceano Pacífico; entre a Austrália e Estados Unidos, incluindo Hawaii e Tahiti, este que faz parte da Polinésia Francesa.

As canoas, além da função do transporte, também participam de competições esportivas há séculos, onde há um ditado que é: “competições de canoa existiriam sempre, bastando que houvesse ao menos duas canoas.”

Canoa Havaiana no Brasil

No Brasil, a chegada do esporte foi no final do ano 2000, em Santos, com a primeira canoa importada dos Estados Unidos e batizada de Lanakila. Assim, a cidade se tornou grande polo de bases de canoas. Bases são clubes que promovem e incentivam a prática, com remadores em diversos perfis diferentes, que é um modo de preservar o caráter da própria cultura e tradição polinésia. Um bom remador não precisa ser somente forte e técnico. Para ser um bom remador, ele precisa respeitar a canoa, respeitar o mar e respeitar os outros remadores da canoa.

Por fim, a canoa havaiana é uma modalidade esportiva que está crescendo no Brasil reunindo atletas apaixonados. Além disso, essa atividade também tem atraído muitas pessoas que desejam melhorar seu condicionamento físico.

A remada como um treino oferece inúmeros benefícios à saúde, incluindo queimar calorias e construir músculos sem colocar forte pressão nas articulações. Como o corpo se adapta ao exercício, o praticante provavelmente perceberá mudanças em todo o corpo ao se dedicar aos treinos.

“Canoando” pela praia do Vidiga

A prainha do Vidigal se tornou um dos pólos de desenvolvimento dessa modalidade devido a visão e ao trabalho de Bruno Torquato, de 31 anos, que é professor de educação física e que há 12 anos trabalha com canoa havaiana.

Bruno começou com a canoa durante seu curso de educação física na faculdade, onde um professor percebeu seu potencial e o chamou para trabalhar com a atividade em Copacabana.

“Um professor da faculdade enxergou um potencial em mim e me levou para trabalhar com ele no Posto 6, em Copacabana, mas no começo não foi nada fácil. Eu tinha que dormir num barco lá na praia para conseguir conciliar os estudos e o trabalho”, contou o educador físico.

Inicialmente o canoísta aderiu ao “Stand Up Paddle”, onde foi bicampeão brasileiro (na categoria velocidade), em 2016 e 2017, e logo em seguida migrou para a canoa havaiana por querer continuar remando mas também poder fazer uma atividade em grupo. Quando veio morar no Vidigal em busca de um lugar mais tranquilo para viver, antes morava no morro do Pavão-pavãozinho, percebeu que a prainha do Vidigal tinha boas condições para introduzir a Canoa Havaiana. 

A partir daí reuniu uma galera que já conhecia e começou ensinar a modalidade para essa rapaziada que já desenvolvia outras atividades esportivas na praia (surf, body board, skimboard, natação).

Iniciou meio que por lazer, para desestressar e, aos poucos, como preparador físico. Começou a ensinar esse pessoal da prainha e surgiu a ideia de dar aulas, o que acabou se tornando seu “ganha pão”. Hoje em dia Bruno vive da canoa.

Foto: Igor Albuquerque / Voz das Comunidades

O objetivo de Bruno com as aulas de canoagem no Vidigal é dar oportunidade para os jovens da comunidade conseguirem, através desse esporte, ter melhores oportunidades de estudo e trabalho, como ele mesmo teve na sua juventude. O canoísta é fruto de um projeto social da comunidade Cidade Alta de onde é cria.

“Eu sou fruto de um projeto social de futebol e por conta disso tive a oportunidade de terminar meu ensino médio e cursar uma faculdade”, disse Bruno. “A ideia inicial era usar a canoagem como lazer, porém com o passar do tempo surgiu a vontade de ter um projeto de longo prazo com o objetivo de formar equipes para competir. E, a partir daí conseguir até patrocínios, quem sabe até de universidades que possam dar bolsas para que os jovens do Vidigal possam ter carreiras profissionais de sucesso”, completou.

Reafirmando seu compromisso de retribuir tudo que já conquistou com o esporte, Bruno Torquato oferecerá cinco (5) bolsas para formação de novos instrutores de canoagem, para atuar numa das três unidades da equipe “Base Huna” que existem atualmente: Praia de Botafogo, Vidigal e Barra da Tijuca. Essas vagas estarão disponíveis a partir de janeiro e os contemplados receberão uma ajuda de custo para auxiliar no transporte.

As inscrições devem ser feitas através do perfil da equipe Base Huna no instagram. Vale lembrar que a obtenção da bolsa dependerá de uma avaliação do professor Bruno.

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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