Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

‘Acabou tudo. Faltou um palmo pra bater no teto’; moradores de Acari relatam como foi a chuva que matou onze pessoas no Rio

Acari foi um dos bairros mais atingidos pelo temporal que começou no último sábado. Muitos moradores perderam tudo que tinham
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Produção: Thayná de Souza

‘Recomeçar de novo. Seguir em frente’. Esse é o novo pensamento dos moradores das favelas da Zona Norte do Rio que foram atingidas brutalmente pela chuva do final de semana. O domingo foi dia de contabilizar prejuízos e jogar fora o que acabou virando entulho depois da ação da água.

Em Acari, ainda havia lama nas casas na tarde deste domingo (14). A localidade conhecida como Parmalat estava sem água e sem luz, mas o trabalho dos moradores era intenso na limpeza. A Ana Paula, de 33 anos, perdeu quase tudo dentro de casa, sobrando apenas o fogão e o botijão de gás. Ela e a família (um menino de 2 anos, uma filha de 5 anos e o esposo) ainda tentavam resgatar a geladeira. “Quando deu meia noite, fomos para casa da minha cunhada. Estávamos correndo risco de vida”, contou à reportagem.

Nara de Souza, 57 anos, é moradora da Parmalat há 19 anos. Casada e mãe de um filho com espectro autista, ela conta que levantou os imóveis na altura da mesa de um bar. “A água só ia até a canela. Mas aí dessa vez, invadiu de vez. Perdemos tudo. Só conseguimos pegar alguns documentos”. Ela contou que a última enchente que perdeu objetos foi 2013 e que de lá para cá, a água sempre foi rasteirinha. “Essa que levou tudo da gente”, relatou.

Veja também:

Reportagem entrevistou moradores e mostrou a situação de Acari, na Zona Norte do Rio.
Vídeo: Voz das Comunidades

Daniele Oliveira, de 33 anos, é moradora da Praça Roberto Carlos, também em Acari. Ela morava com a mãe, pai, irmã e a namoradora da irmã. Ela conta que todos foram surpreendidos com a força da água. “Acabou tudo. Faltou um palmo para água bater no teto de casa. Perdemos tudo. Estamos tentando salvar alguma coisa pra ver se dá pra aproveitar. É muito triste.”

Trabalho voluntário e doações

O Voz das Comunidades realizou uma ação social emergencial, levando cestas básicas para moradores de Acari e também de outras favelas que foram atingidas pelo temporal. A ação contou com cerca de 20 voluntários que fizeram a distribuição de alimentos e roupas nas comunidades.

Além da ação, o Voz das Comunidades também fechou uma parceira com a Câmara Municipal do Rio para receber doações para enviá-los para quem precisa. Doações podem ser feitas no saguão do Palácio Pedro Ernesto, a partir das 10h.

Compartilhe este post com seus amigos

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp

Veja também

EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

Contato:
[email protected]